A PM baiana retirou, após a posse do petista Jacques Wagner, a escolta policial que cuidava para que a estátua do falecido deputado Luiz Eduardo Magalhães, filho de ACM, não fosse pichada. Da Folha de hoje:
Ao ser informado da decisão, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 79, pai do deputado morto em abril de 1998, encaminhou um fax ao gabinete do governador em que diz que não se opõe à decisão, mas faz uma advertência: "É do meu dever responsabilizá-lo por qualquer ato de vandalismo praticado por seus correligionários contra o monumento".Nunca soube de um monumento que tivesse escolta policial para não ser estragado. O que até é uma pena, considerando o estrago que se faz nesses marcos, mas a polícia costuma ter mais o que fazer. O primeiro registro do caso saiu no jornal baiano A Tarde, no sábado. Nele, ACM reconhece que a escolta policial não está prevista em lei. O texto também menciona o fato de o monumento ter sido erguido com recursos levantados por amigos do falecido deputado, reunidos em uma associação.O Diário de Pernambuco de ontem usa outros trechos do despacho da Agência Folha e informa:
Deputado estadual eleito, o capitão da PM Tadeu Fernandes (PSB) fez um relatório em 2001 revelando que 11 policiais se revezavam na vigilância do monumento. "Liguei para os 417 municípios da Bahia e constatei que 281 têm um número menor ou igual ao dos que trabalhavam no memorial. Se o Estado assume que não tem condições de dar segurança pública às cidades, jamais uma estátua poderá ser prioridade."Boa comparação. Em São Paulo, até onde eu saiba, não existe escolta policial defronte ao recém-reformado Marco Zero, na Praça da Sé. Em Porto Alegre, nenhum brigadiano vigia a bela fonte Talavera de la Reina, doada pelo Uruguai. No Rio de Janeiro, nunca vi escolta no obelisco onde Getúlio Vargas amarrou seus cavalos na Revolução de 1930, na Rio Branco. Os que atacam esses monumentos não são necessariamente petistas - muitas vezes são apenas arruaceiros. Ou personagens, como é o caso do lendário Toniolo portoalegrense.Claro que na Bahia dos Magalhães a coisa tinha que ser um tanto diferente. Lá, não apenas o experiente senador se tornou patrono de rua ainda vivo como também faz esquina com Jesus Cristo de Nazaré. Luís Eduardo, além de monumento, virou patrono de aeroporto, avenida e cidade. O monumento, inaugurado em 1998, ficou famoso por ser também o lugar onde o coração do deputado foi enterrado.Nunca visitei a Bahia, apesar dos convites de alguns queridos amigos que lá vivem. Ainda corrijo esse grave defeito. Mas suponho que, se o tratamento dado ao monumento carlista era um privilégio só dele (há escolta em outros monumentos?), certo está o governador em cortar esse privilégio. A polícia certamente tem outras prioridades. E certo está o senador em colocar vigias particulares em torno da estátua se o seu negócio é preservá-la. Antes outros fizessem o mesmo. Mas com dinheiro público o buraco é sempre mais embaixo.
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