16.12.11

Liberadas fotografias de vítimas dos “vôos da morte”

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos entregou à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios. Para a justiça argentina, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte. O artigo é de Francisco Luque, direto de Buenos Aires.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) entregou hoje à justiça argentina um arquivo com mais de 130 fotografias de corpos encontrados nas costas uruguaias, e que corresponderiam a vítimas da ditadura militar argentina lançadas ao mar nos denominados “voos da morte”. O arquivo, que permaneceu confidencial durante 32 anos, é parte de um dossiê com imagens e informes redigidos por serviços de inteligência uruguaios que dão conta da descoberta de corpos na zona de Laguna de Rocha e que, presumivelmente, foram arrastados pelas correntes marinhas até à costa uruguaia. Para a justiça argentina, dada a magnitude da evidência, trata-se de uma das provas mais claras da existência dos voos da morte.


Esta informação está registrada no informe “Observação in loco”, nome com o qual a CIDH denominou a visita que fez a Argentina entre 6 e 20 de setembro de 1979. Aquela visita e os informes redigidos na ocasião deram conta de modo contundente do plano de extermínio executado pelos militares argentinos – aglutinados na Escola de Mecânica da Armada (Esma) – e cujo ato bárbaro culminante foi a desaparição de presos políticos lançados vivos ao mar. O informe também relata de maneira direta o drama que a Argentina vivia durante a ditadura em função da “ação das autoridades públicas e de seus agentes, e das numerosas e graves violações dos direitos humanos que ocorriam no país”.



As fotografias dão conta da crueldade com que atuavam os agentes da ditadura: corpos com os pés e mãos amarradas, cordas feitas com cortinas de persianas, queimaduras de cigarros, feridas, evidências de torturas e orifícios de balas. Um corpo de mulher que parecia ter passado muito tempo na água ainda mantinha as unhas de seus pés pintadas. Em alguns casos, estão inteiros, mas comidos pela fauna marinha; inchados, putrefatos, sem cabelos nem olhos. Em outros, parecia que o dano tinha sido feito previamente.



Segundo os informes da inteligência uruguaia, a maioria dos corpos apareceu com ataduras rústicas, ou com traços delas. Isso demonstraria que as vítimas tiveram os pés e mãos imobilizados e, assim, não tiveram possibilidade alguma de nadar e salvar-se após serem jogadas vivas nas águas. Um informe apócrifo sobre a descoberta de um corpo feminino, feito em abril de 1976, assinala: “O corpo apresentava indícios externos de violência: sinal de violação, provavelmente com objetos perfurantes, fraturas múltiplas. Não há nenhum possível elemento de identificação. O corpo foi extraído desnudo das águas e as impressões digitais obtidas não trouxeram respostas positivas”.



Os primeiros informes datam de 1975. Entre os papéis se encontram mapas com os ciclos das correntes e indicam Buenos Aires como ponto de partida. Estes dados permitem inferir que os corpos pertencem a desaparecidos argentinos. Também se encontraram moedas e cédulas argentinas e uma carteira de Santa Fé.



Os documentos foram entregues pelo secretário executivo da CIDH, o argentino Santiago Cantón, ao juiz Sergio Torres, encarregado da mega-causa ESMA, que investiga os voos da morte. A comissão desconhece a origem dos documentos. Só sabem que alguém os entregou em 1979. É possível pensar que sejam resultado das imagens feitas por um ex-marinheiro uruguaio, Daniel Rey Piuma, que desertou da força, pediu refúgio no Brasil e difundiu as imagens por meio de uma organização civil no início dos anos 80. Parte desta informação apareceu no livro “Um marinheiro acusa”, publicado em 1988. 



A entrega destes arquivos para a justiça argentina representa uma mudança de paradigma no funcionamento da CIDH, já que é a primeira vez que ela abre seus arquivos confidenciais para um processo judicial. Embora esses documentos ainda não tenham sido corroborados, a justiça argentina os considera fundamentais não só para o caso dos voos da morte, mas também porque pode embasar um pedido para que o Estado uruguaio libere todos os documentos relacionados à descoberta de corpos na mesma época.



“Estes documentos podem servir para identificar pessoas e mostram a existência das torturas, das violações, das ataduras. Até agora, as provas dos voos da morte eram todas testemunhais. Estas [fotos] são chave pelo seu caráter de imediatez, são um registro daquele momento”, assinalou o secretário Santiago Cantón.



Estes documentos não são os primeiros que a CIDH entrega à justiça argentina. Este ano, o juiz Torres viajou a Washington e revisou 60 caixas com documentos sobre denúncias recebidas pela Comissão durante a última ditadura. Grande parte desse material foi escaneado e já faz parte do processo. Cantón explicou que, dado o tempo transcorrido, a democracia na Argentina e a firme determinação da Comissão em colaborar com as causas de direitos humanos, “é possível abrir muito mais documentos”.

15.12.11

Oscar Niemeyer, o eterno gênio da arquiterura

via BRASIL247

Oscar Niemeyer, o eterno gênio da arquiteruraFoto: Ricardo Stuckert / ABr - 18.03.2003

AO COMPLETAR 104 ANOS, O MUNDO PARABENIZA E AGRADECE AOS TRAÇOS E CURVAS EM FORMATOS DE MONUMENTOS DISTRIBUÍDOS EM 27 PAÍSES E EM 124 CIDADES

Brasília247 – Pai de projetos que reverenciam os traços e as curvas brasileiras, Oscar Niemeyer comemora os bem-vividos 104 anos. Maior parte deles dedicados aos brasilienses, que têm na capital do país o maior número concentrado de monumentos assinados pelo arquiteto e urbanista. O mais novo deles, o prédio do Tribunal Superior Eleitoral, será inaugurado hoje, em homenagem ao aniversário.
Em meio à comemoração centenária, obras do renomado arquiteto ainda crescem na capital. É o caso da Torre Digital, denominada de Flor do Cerrado pelo arquiteto. Era promessa do governo brindá-lo com a inauguração do monumento de 180 metros de altura (equivalente a um prédio de 62 andares); 120m de concreto e 60m de estrutura metálica da antena. Mas, o governo não conseguiu concluí-la a tempo.
Carioca nascido no bairro de Laranjeiras, o neto de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que gostava de passar o tempo na casa dos avôs, conseguiu destacar-se num mundo colorido construindo monumentos cinzas e brancos. Em 1928, o descendente de portugueses, árabes e alemães casou-se com a filha de imigrantes italianos, Annita Baldo, para, somente depois, ingressar na Escola de Belas Artes.
Foi na escola que o então jovem aspirante a arquiteto teve seu destino selado ao começar a frequentar o ateliê de Lucio Costa e de Carlos Leão sem pedir nada em troca, diferentemente dos estudantes que almejavam uma remuneração do estágio. Os desenhos chamaram a atenção do arquiteto suíço Le Corbusier, qual o inspirou nos projetos dos ministérios que contemplam a Esplanada dos Ministérios.
Morando no Rio, longe dos projetos em Brasília, Oscar agora tem um olhar familiar na capital. Ana Lúcia Niemeyer, a neta de Oscar, se mudou para a única quadra projetada pelo avô, a 108 Sul, de onde, nos próximos cinco anos, planeja estudar medidas para recuperar os monumentos do patriarca. Apesar de não ser arquiteta, ela conhece todos os meandros do ramo, devido à convivência com os profissionais da Fundação Oscar Niemeyer. Era ela que presidia a fundação do avô no Rio de Janeiro.
Ao se mudar para Brasília em abril do ano passado, onde morou em um apart-hotel até duas semanas atrás, Ana Lucia, 63 anos, pediu afastamento da fundação para ter isonomia ao assumir o cargo de técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Distrito Federal. Apesar de ter largado a fundação, Ana Lúcia sonha em melhorar os principais monumentos de Brasília. E não apenas os do avô. Para tanto, a socióloga planeja visitar em breve aos principais pontos turísticos da capital, para levar as anotações ao superintendente do Iphan, Alfredo Gastal.
Hoje, Ana Lúcia viaja para o Rio de Janeiro, onde vai se reunir com a família e o avô para a comemoração de mais um aniversário.

Cerrar la historia (A ditadura e a tortura na Argentina)

via periodismohumano

“La memoria es un relato flexible y abierto, porque nunca se conoce toda la verdad por más que aparezcan nuevos datos”

Laura se lo está diciendo a un grupo de unas cuarenta personas a las puertas de la Escuela de Mecánica de la Armada (ESMA), el mayor centro clandestino de detención, tortura y exterminio de Buenos Aires y de toda Argentina.

17 hectáreas, 35 edificios, 5.000 personas desaparecidas entre 1976 y 1983.17 hectáreas, 35 edificios



“La memoria es un campo de batalla” dice Felipe, recuperando la frase de alguien a quien no logra recordar. Quizá podría hacerla suya si añadiera que hay unas batallas que son más difíciles de ganar que otras. Y él lo sabe. Felipe acompaña a las visitas en Londres 38, el principal centro clandestino de detención, tortura y exterminio (CCDTyE en adelante) que se conserva hoy en pleno Santiago de Chile, donde funcionó bajo la dictadura de Augusto Pinochet.
La batalla, podría haber dicho también, no respeta fronteras. Al otro lado de los Andes, dos gobiernos pelean por salvar recuerdos y reparar daños. El de Dilma Roussef, en Brasil, a duras penas ha logrado alumbrar una Comisión de la Verdad para investigar los crímenes de la dictadura 26 años después de la llegada de la democracia. No habrá condenas porque una ley mantiene la amnistía a los represores. En Uruguay, su presidente, José Mújica, también lo ha tenido difícil. In extremis logró impedir la prescripción de las violaciones de los derechos humanos durante el régimen. Poco antes, el Congreso había negado la posibilidad de una revisión judicial de los crímenes y los ciudadanos, por segunda vez en un referéndum, rechazaron cualquier investigación.
Madres de la Plaza de Mayo manifestándose frente al Ministerioo de Asuntos Exteriores el 21 de Noviembre de 1977, en Buenos Aires (AP Photo)
La batalla, que duda cabe, se ha disipado a menudo entre promesas de reconciliación. A costa de la unidad nacional y de anular cualquier amenaza sobre las incipientes democracias, los primeros gobiernos electos indultaron a los represores. Hoy, décadas después, varios países latinoamericanos luchan por volver sobre su pasado para hacer justicia, para cerrar la Historia.
Han encontrado un referente cerca. Argentina da muestras de que la batalla no está perdida. Pero tampoco está definitivamente ganada. A Laura le gusta decir que la memoria “es un relato flexible y abierto, porque nunca se conoce toda la verdad por más que aparezcan nuevos datos”. Le escucha un numeroso grupo de unas cuarenta personas  a las puertas de la ESMA(Escuela de Mecánica de la Armada), el mayor CCDTyE de Buenos Aires y, en realidad, de toda Argentina. 17 hectáreas, 35 edificios, 5.000 personas desaparecidas entre 1976 y 1983.
Laura trabaja en el Instituto Espacio para la Memoria, encargado de la protección del complejo de edificios desde 2004, cuando fue suspendido el decreto de su demolición aprobado durante el gobierno de Carlos Menem. Y sin embargo, hasta 2007 no fue abandonado por la Marina, que había instalado allí una escuela de navegación que seguiría funcionando mientras uno de sus edificios era ocupado por los militares y los centenares de desaparecidos. En su lugar, el presidente Menem había planeado la construcción de un parque dedicado a la unidad nacional. Porque en Argentina, como en los otros países de la región, los gobiernos y las leyes decidieron imponer el olvido.
“La memoria”, dirá luego Laura, “es un ejercicio de construcción colectiva”. El relato se ha de componer entre todos, porque puede que no sean muchos los testimonios pero sí lo son los testigos. “Los testimonios son pocos porque la supervivencia era una excepción, pero la gente tenía una ligera idea de lo que ocurría aquí. Es más, los militares mantenían un perverso juego entre ocultar y dejar ver. Sobre todo para propagar el miedo. Pero eso eligieron este lugar en el centro de Buenos Aires, a pocas cuadras del estadio del River”, explica.
Léonie Duquet y Alice Domon detenidas fotografiadas en la ESMA
Felipe encuentra otro motivo por el que el relato no puede quedar encerrado entre esos muros. Ha quedado escrito en una pared de Londres 38; “lo que sucedió en esta casa, sucedió también fuera de ella. El terrorismo de Estado operó sobre el conjunto del país”.
La ESMA y Londres 38 son símbolos de esa voluntad de construir la memoria de manera solidaria. Solo las palabras de sus visitantes y de los pocos supervivientes pueden llenar hoy la desnudez en el interior de los edificios, donde no quedan ya más que las paredes y el suelo luego de que los militares desmantelaran las instalaciones. Porque a veces a los gobiernos se le adelantaron los represores.
Ni siquiera  los edificios conservan ya el mismo aspecto que cuando funcionaban como centros de tortura, pero esta no es sino una operación más dentro del cálculo de la dictadura. “Llegaron denuncias sobre torturas a diferentes organismos internacionales, así que la junta militar hizo obras para desacreditar los testimonios”, cuenta Laura. “Los testimonios hablaban de una escalera principal que comunicaba todos los pisos y también de un ascensor. Desaparecieron. Las descripciones no encajaron con la realidad y acabaron apartadas”.
“Suponemos que aquí echaron abajo una pared”, dice Felipe mientras señala dos boquetes en el muro de una sala. “Muchos testimonios hablaban de una habitación estrecha donde se producían las torturas, pero al eliminar ese tabique no existe ya un espacio con esas condiciones en esta casa”. Se lamenta especialmente porque quienes realizaron las remodelaciones no fueron los militares sino una institución estrechamente vinculada con el Ejército que se mantuvo allí hasta 2008. “También le cambiaron el número a la casa. Nosotros le devolvimos el 38, pero ellos le habían puesto el 40. Y sospechamos que pudieron hacer otras reformas para encubrir a los militares”.
Víctor Basterra recorre el lugar donde estuvo detenido durante cuatro años y medio. (AP)
A veces ni siquiera respetaron la estructura. “Se cuidaron bien de que nada de aquel horror quedara visible”, denuncia Gastón, que trabaja como arqueólogo en otro CCDTyE de Buenos Aires, el Club Atlético, que hacía las veces de almacén policial. El edificio fue demolido durante la dictadura militar y no fue hasta 2002 que se iniciaron las excavaciones, pero Gastón advierte de que los avances están siendo lentos. Existe un importante obstáculo: la autopista 25 de mayo, construida durante el gobierno castrense, atraviesa gran parte del terreno.
La imposición del olvido es también un capítulo de la Historia así que nadie ha pretendido llenar el vacío ni restaurar las estructuras. “La materialidad aquí son las palabras”, aclara Laura a los visitantes. “Queremos conseguir espacios versátiles, centros para la interpretación y la reflexión. Estos lugares nos permiten empezar a contar la historia del país”, defiende Gastón. Y añade que es eso lo que distingue un Espacio para la Memoria de un museo.
Y si en la ESMA está prohibido hacer fotos no es, como ocurre en muchos museos, porque pueda deteriorarse la obra. Es que la ESMA es la prueba material de un juicio contra los represores que acaba de ser resuelto. Es lo que diferencia a Argentina de sus países vecinos. Aunque tarde, muchos de los responsables están siendo juzgados y condenados.
“Para nosotros ya fue difícil lograr la concesión del inmueble y abrir un Espacio para la memoria”, replica Felipe. “Quienes fueron sus propietarios hasta hace poco no han ido muy lejos. Se han instalado a solo unas cuadras. Así funcionan las cosas aquí”. Y es entonces cuando recita aquello de que “la memoria es un campo de batalla” y trata de recordar.
Activistas de derechos humanos, entre ellos la miembro de las Madres de Plaza de Mayo Tati Almeida, tercera desde la izquierda, celebran tras un juicio contra ex militares y policías en Buenos Aires, Argentina, el miércoles 26 de octubre de 2011. Un tribunal condenó el miércoles a cadena perpetua a 12 ex militares y policías por crímenes de lesa humanidad cometidos en la Escuela de Mecánica de la Armada (ESMA), uno de los principales y más cruentos centros de detención que funcionó durante la última dictadura militar argentina (1976-1983). (AP foto/Victor R. Caivano)

Mário Marona: "Por que a imprensa finge que não vê o livro do Amaury?"

via Correio do Brasil

Privataria
Privataria Tucana revela esquema bilionário de corrupção
Deve ser possível contar nos dedos quantos amigos José Serra tem nas redações. Quase ninguém na mídia é “serrista”. Não nas redações dos jornais, das tevês e das rádios. Há exceções claro, e pelo que soube esta semana o editor-chefe de um grande jornal teria trabalhado para Serra, mas isto não significa que ele tenha pelo ex-chefe profunda admiração. Serra também não deve ter muitos amigos entre os acionistas das empresas de comunicação. Serra sempre foi apenas uma alternativa possível da imprensa a Fernando Henrique Cardoso para enfrentar Lula e, depois, a candidata de Lula.
Quem finge gostar de Serra nas redações, excetuando os amigos do peito, caso ele os tenha, na verdade não gosta mesmo de Serra – apenas o prefere a Lula. Jornalista que apoia Serra – de novo com as exceções possíveis – o faz por não gostar de Lula, e não gosta de Lula por vários motivos, razoáveis ou não: preconceito, antagonismo político, por considerá-lo populista, por conservadorismo, preferência clara por FHC etc. A imprensa protege Serra por falta de coisa melhor. Fará o mesmo com Aécio Neves, caso ele vire candidato, por motivo idêntico.
Não corre risco de perder quem apostar que Ricardo Noblat não tem qualquer identificação com Serra. Não seria estranho descobrir que Eliane Cantanhêde, Dora Kramer, Lúcia Hipólito e tantos outros, mesmo que queiram no poder alguém que considerem melhor que Lula e Dilma, e certamente querem, ficariam satisfeitos se a opção não fosse Serra nem Aécio. Especulo sobre a vontade destes poucos jornalistas, todos muito conhecidos, mas poderia estar falando da maioria. Cito-os porque estão entre os mais citados.
Serra não é diferente da maioria das fontes: detesta jornalista. Também não gosta de dono de jornal, mas os adula e quase sempre obtém deles o que precisa. Serra gostaria de demitir qualquer jornalista que fizesse matéria negativa para a imagem dele, e é possível que já tenha conseguido isso, embora não seja provável que tenha sido bem sucedido na maioria das tentativas. Hoje em dia, isto não é tão fácil como já foi.
E é aqui que trago ao assunto o livro A privataria tucana, sobre o qual a imprensa tradicional faz pesado silêncio.
Decididamente, os colunistas e os editores, pelo menos a maioria, não estão fingindo ignorar o livro de Amaury Ribeiro Jr para proteger Serra. Suspeito que até que alguns achariam divertido ver Serra em maus lençóis, tendo que se explicar sobre as acusações que sofre no livro.
Também não creio realmente que colunistas e editores desprezem o livro porque acreditam que Amaury foi contratado por assessores da campanha petista no ano passado para espionar Serra ou vender informações contra os tucanos. Todos eles sabem que esta foi uma, e apenas uma, das mentiras inventadas durante a campanha.
Este foi um dos fatos “esquentados” na campanha para beneficiar a oposição. Para os jornais e para as emissoras que dedicaram enorme espaço e tempo a este factóide fica muito difícil, agora, admitir que “não foi bem assim”. Como seria difícil, mesmo agora, noticiar que a agenda de Lina Vieira jamais apareceu e que Rubnei Quicoli já confessou que mentiu. Como foi difícil admitir com clareza que a ficha policial atribuída a Dilma era uma montagem mal feita.
Isto seria mais do que um “erramos”. Seria um “mentimos”.
Os jornalistas também sabem que, mesmo sendo meio falastrão e parecendo um tanto estabanado, Amaury é um grande repórter, é honesto e não está mentindo ou, para ser mais isento, pelo menos acredita que está contando a verdade. Sabem, por fim, que a origem desta história que resultou num livro está na reação de Aécio Neves a uma ação mafiosa típica dos serristas.
Por que, então, os colunistas, editores e jornalistas da maioria dos grandes veículos fingem ignorar o livro?
Porque obedecem à linha editorial dos jornais e das emissoras em que trabalham. Obedecem, agora, e sempre obedeceram. (E aqui, em nome da isenção, acrescento a parte que me toca: eu mesmo, quando trabalhei nas grandes redações, me sujeitei à linha editorial dos veículos e se eventualmente me insurgia internamente contra elas, tentando modificá-las, nunca deixei de segui-las disciplinadamente, uma vez derrotado em minhas posições. Ou pedia o meu boné.)
O que mudou, então? Por que os jornalistas se vêem obrigados a depreciar publicamente um colega de profissão, como o Amaury, com quem, aliás, muitos deles conviveram amistosamente? E por que estamos vendo jornalistas importantes entrando em guerra com seus leitores por causa de um livro que, se pudessem, tratariam como notícia ou comentariam?
Arrisco uma resposta: porque hoje os leitores pisam nos calos destes jornalistas, o que há uma década atrás – ou menos – não acontecia.
No meu tempo, e vale dizer também no tempo do Noblat, da Dora, da Eliane, do Merval, o leitor não existia como figura real. Era um anônimo, mal representado, diariamente, em uma dúzia de cartas previamente selecionadas para publicação e devidamente “corrigidas” em seus excessos de linguagem. Tem gente que não lembra, porque começou a ler jornal depois, mas naquele tempo nem e-mail existia, exceto, talvez, como forma de comunicação interna das empresas.
Noblat, Dora, Merval, Eliane  (e eu) escreviam, editavam e publicavam o que queriam, desde que não contrariassem os acionistas, representados pelos diretores de redação. Por acaso, dois dos citados foram diretores de redação e eu fui editor-chefe adjunto no Globo e editor-chefe do JN. Não eram – não éramos – contestados por ninguém. Quem não gostasse que se queixasse ao bispo, ao editor de cartas – por carta, claro – ou então que suspendesse a assinatura ou mudasse de canal.
Publicavam o que queriam, autorizados pelos donos, e continuam agindo da mesma maneira, mas hoje são imediatamente incomodados, cobrados, questionados, xingados pelos leitores, por e-mail, em blogs, por tuites e por caneladas no Facebook.
Fazem a mesma coisa – obedecer à linha dos seus jornais – só que agora têm que dar explicações a um grupo crescente de chatos, nem sempre bem educados, e não podem botar a culpa no patrão. Não podem dizer notwitter: “Olha, gente, eu não vou escrever sobre o livro do Amaury porque o meu jornal decidiu ignorá-lo, pelo menos por enquanto”.
Aparentemente, só existe uma opção: justificar a censura do livro nos seus veículos por meio da depreciação do autor, que está sendo chamado de louco e de venal – o que ele nunca foi, nem quando era um deles, época em todos o exaltavam como um dos maiores repórteres do país. Mesmo porque o ex-PM João Dias, o escroque Rubnei Quicoli e até Pedro Collor nunca foram tratados como cidadãos de reputação ilibada e nem por isso deixaram de ser considerados fontes válidas por estes e por quase todos os demais jornalistas. E estas fontes nem se deram ao trabalho de tentar provar o que diziam.
A alternativa a declarar-se censurado ou tolhido é entrar em guerra com uma parte dos leitores, buscando apoio em outra parte, neste caso naquela que detesta Lula, Dilma e o governo petista. Cobrados, reagem no mesmo tom. Acossados, pedem ajuda ao “outro lado”.
O autor deste texto trabalhou em pequenos e em grandes veículos. Também trabalhou como assessor de imprensa de empresários e de políticos, de vários matizes. É o que faz agora, como redator, razão pela qual fechou temporariamente o blog que mantinha para emitir opiniões. Entende que assessoria de imprensa, ainda que seja um trabalho digno e necessário, não é jornalismo, porque não lhe dá o direito à isenção. Continua analisando a imprensa, como cidadão, de maneira não-metódica, mas toma o cuidado de não depreciar pessoalmente aqueles que eventualmente critica. Não se julga melhor do que ninguém, nem sabe, francamente, como agiria hoje, na mesma situação dos colunistas e jornalistas dos grandes veículos – exceto que, talvez, evitasse o twitter e o Facebook, onde o confronto é muito mais agressivo.
Mas aos que alegam que é preciso ignorar o livro do Amaury porque ele foi acusado disso ou daquilo e não seria um autor confiável, responde com uma experiência pessoal. Editor do Globo em 1992, uma noite recebeu na redação o livro Passando a limpo, a Trajetória de um Farsante, de autoria de, vejam só, Dora Kramer e Pedro Collor de Mello. O livro trazia acusações tão pesadas contra Fernando Collor que, em alguns casos, a prova dependeria de exame de corpo de delito. O editor teve que ler o livro em duas horas, para escrever uma resenha rápida, que seria publicada na edição do dia seguinte.
Naquela época, no Globo e, creio, nos demais jornais, não era possível ignorar uma peça de acusação tão enfática, ainda que desprovida de provas. Nem era possível guardar para ler depois. E pouco importava se a origem das acusações de Pedro contra Fernando era uma briga entre irmãos envolvendo até mulher. Era notícia, e pronto.
Mário Marona é jornalista.

12.12.11

Debate sobre o livro "A Privataria Tucana" com Amaury Ribeiro Jr.

México e Brasil arrasam no Festival de Cinema de Havana

via Havana Times

El Infierno, pelicula ganadora.
La película mexicana El infierno, de Luis Estrada, ganó el primer premio Coral en el 33 Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, clausurado la noche de ayer en el Teatro Karl Marx, en esta capital.
Durante la clausura fue proyectada la cinta “La voz dormida”, del director español Benito Zambrano.
En la premiación quedó establecida la supremacía de las obras de Brasil y México, países que se llevaron la gran mayoría de los corales principales del certamen.
Aunque el filme Habanastation fue el más laureado entre los premios colaterales, Cuba solo obtuvo el coral al mejor cartel, por la obra Imágenes generan reflexión, del artista Nelson Ponce. Fabula de Lester Hamlet recibió un coral de tercer lugar para largometrajes de ficción.
Aunque oficialmente se ha terminando el festival, los cines de La Habana estarán presentando obras ganadoras este lunes y martes.
Premios Corales-33 Edición del Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana
 
Cartel 

Mejor Cartel: Imágenes generan reflexión, de Nelson Ponce (Cuba)

Animación 

Mención: Furico y Fiofó , Fernando Miller (Brasil)
Tercer Premio Coral: El duelo , de Jesús Barrios Ortiz (Venezuela)
Segundo Premio Coral: Cielo, infierno y otras partes del cuerpo, de Rodrigo John (Brasil)
Premio especial del Jurado: Mutatio, de León Fernández (México)
Primer Premio Coral: Animales de alquiler, de Pablo Ortega Rodríguez (Costa Rica)

Documentales 

Mención: El casamiento , de Aldo Garay (Uruguay)
Premio Especial: Diario de una búsqueda , de Flavia Castro (Brasil, Francia)
Tercer Premio Coral: Los ultimos cangaceiros , de Wolney Oliveira (Brasil)
Segundo Premio Coral: Las carpetas, de Maite Rivera Carbonell (Puerto Rico, España)
Primer Premio Coral: Agnus Dei, cordero de dios, de Alejandra Sánchez Orozco (México)

Guiones inéditos

Mención Especial: El buen demonio, de Alejandro Hernández Diaz y Daniel Díaz Torres (Cuba)
Coral de Guión inédito: NN de Héctor Adrián Gálvez Campos (Perú)



Operas Primas

Mención: El premio, de Paula Markovitch (México)
Premio Coral a la Mejor Contribución Artística: Sudoeste, Eduardo Nunes (Brasil)
Tercer Premio Coral: Trabalhar cansa , de Juliana Rojas y Marco Dutra (Brasil)
Segundo Premio Coral: Abrir puertas y ventanas , de Milagros Mumenthaler (Argentina)
Premio especial del Jurado: Remolino, Clarissa Campolina y Helvécio Marins Jr. (Brasil)
Primer Premio Coral: Distancia, de Sergio Ramírez (Guatemala)

Ficción 

Cortometrajes 

Mención del Jurado: L, de Thais Fujinaga (Brasil)
Premio Coral de Cortometraje: Tela, de Carlos Nader (Brasil)

Largometrajes 

Premio Coral de Dirección: José Padilha , por Tropa de elite 2-O inimigo agora é outro (Brasil)
Premio Coral de Guión: Marité Ugás y Mariana Rondón, por El chico que miente (Venezuela, Perú)
Premio Coral de Actuación Masculina: Rodrigo Santoro, porHeleno (Brasil)
Premio Coral de Actuación Femenina: Alessandra Negrini, por O abismo prateado (Brasil)
Premio Coral de Edición: Daniel Rezende, por Tropa de elite 2-O inimigo agora é outro (Brasil)
Premio Coral de Música Original: Michael Brook, por El infierno(México)
Premio Coral de Banda Sonora: Waldir Xavier, leandro Lima y Ricardo Cutz por O abismo prateado (Brasil)
Premio Coral de Fotografía: Mauro Pinheiro Jr, O abismo prateado (Brasil)
Premio Coral de Dirección Artística: Salvador Parra, por El infierno (México)
Premio Coral de Vestuario: Mariestela Fernández, por El infierno(México)
Mención del Jurado: Un cuento chino , de Sebastián Borensztein (Argentina, España)
Premio Especial del Jurado: Tropa de elite 2-O inimigo agora é outro, de José Padilha (Brasil)
Tercer Premio Coral: Fábula, de Lester Hamlet (Cuba)
Segundo Premio Coral: O abismo prateado , de Karim Ainouz (Brasil)
Primer Premio Coral: El infierno, de Luis Estrada (México)




Premios de Posproducción del Alba Cultural Nuestra América Primera Copia 2011 :

Miguel San Miguel del realizador y productor Matías Cruz.
Solo del realizador Guillermo Rocamora y producido por Javier Palleiro
Reconocimiento especial: Sopro del realizador Marcos Pimentel y producido por Luana Melgaço


Premio SIGNIS: 

Los últimos cristeros , de Matías Meyer (México) 

Premio FIPRESCI:
Bonsai, de Cristian Jiménez (Chile)