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Um espaço democrático para falar das coisas do mundo, da América Latina, do Brasil, de Bauru e da vida de sua gente.
22.6.12
HASTA LA VICTORIA SIEMPRE QUERIDO ROBERTO!!!
Rafael Correa: “Estamos diante de uma guerra não convencional”
via Carta Maior
Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, o presidente do Equador, Rafael Correa analisa o que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela sua cartilha. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.
Carta Maior, La Jornada e Página/12
Rio de Janeiro - Representante de uma nova geração de líderes políticos da esquerda latinoamericana, o presidente do Equador, Rafael Correa, foi lançado para a linha de frente do cenário político mundial com o pedido de asilo político feito, em Londres, pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange. Há poucas semanas, Assange entrevistou Correa e os dois conversaram, entre coisas, sobre um tema de interesse de ambos: as operações de manipulação conduzidas pelas grandes corporações midiáticas. Agora, durante sua passagem pela Rio+20, Rafael Correa voltou com força ao tema.
Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, analisa este que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que, na América Latina, agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela cartilha desses grupos. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.
Na entrevista, Correa fala sobre o pedido de asilo de Assange, relata o debate sobre uma nova lei de comunicações no Equador e faz um balanço pessimista sobre os resultados da Rio+20.
Há um argumento segundo o qual a liberdade de imprensa é propriedade dos meios de comunicação empresariais. Imagino que essa não seja a sua opinião.
Correa: Não nos enganemos. Desde que se inventou a impressora a liberdade de imprensa, entre aspas, responde à vontade, ao capricho e à má fé do dono da impressora. Devemos lutar para inaugurar a verdadeira liberdade de imprensa que é parte de um conceito maior e um direito de todos os cidadãos, que é a liberdade de expressão, que defendemos radicalmente. No entanto, o poder midiático que faz negócios com o objetivo de ter lucro, até isso quer privatizar. Então, se eles têm tanta vocação para comunicar, como dizem, que o façam sem finalidades lucrativas, porque para mim isso é uma contradição.
Este é um grande problema na América Latina e também em nível planetário. Tenho tomado conhecimento que existem posições semelhantes às nossas, mas houve um tempo em que nos sentíamos muito sozinhos, quando fomos vítimas de um ataque tremendo por não abaixar a cabeça diante de um negócio muitas vezes corrupto e encoberto sob a capa da liberdade de expressão. Essa é a luta, não há luta maior.
Presidente, nestes dias foram divulgados telegramas pelo Wikileaks onde apareceram jornalistas equatorianos que eram considerados informantes pela embaixada dos Estados Unidos. Isso confirma as hipóteses levantadas quando você foi vítima de um golpe de Estado.
Correa: As mentiras deles sempre acabam sendo derrubadas. Entidades que financiam esses empórios midiáticos, certas organizações que, em nome da sociedade civil, nos denunciam ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a SIP, ante todos os lados. Agora vemos que esses senhores são identificados via Wikileaks como informantes da embaixada (estadunidense). Wikileaks que nunca é publicado pela maioria da imprensa comercial. Não é só isso. Essa gente é financiada pela USAID, que vocês conhecem. A USAID financiou com 4,5 milhões de dólares a estes supostos defensores da liberdade de expressão, supostamente para fortalecer a democracia e a ação cívica. Na verdade, para fortalecer a oposição aos governos progressistas da América Latina e os povos da região tem que reagir contra esse tipo de prática.
Independentemente da solicitação do senhor Assange – ele solicitou asilo político -, ele disse que quer vir para o Equador para seguir cumprindo sua missão em defesa da liberdade de expressão sem limites, porque o Equador é um território de paz comprometido com a justiça e a verdade. Isso que o senhor Assange disse é mais próximo da realidade do Equador do que as porcarias que o poder midiático publica todos os dias.
Sabemos que o senhor ainda não tomou uma decisão sobre a situação que está atravessando alguém que revelou informações secretas sobre conspirações dos Estados Unidos e está pagando com a prisão por ter trabalhado pela liberdade de imprensa.
Correa: Se, no Equador, alguém tivesse passado a centésima parte do que passou Assange, nós seríamos chamados de ditadores e repressores, mas como o que Assange divulgou afeta as grandes potências e isso evidencia uma moral dupla e como os Estados nos tratam por meio de suas embaixadas, então é preciso aplicar todo o peso da lei contra Assange. E o chamam de violador.
Eu não quero antecipar minha decisão. Recebemos o pedido de asilo, analisaremos as causas desse pedido e tomaremos uma decisão quando for pertinente. Ele está em nossa em nossa embaixada em Londres sob a proteção do Estado equatoriano.
É claro que há aqui uma dupla moral, uma para os poderosos e outra para os débeis, uma para os que querem manter o status quo e para sua imprensa, e outra para os governos que querem mudar esse status quo e para a imprensa alternativa. Todos os dias há julgamentos em países desenvolvidos contra jornais. Neste caso não há problema, porque isso é civilização, mas, processar em nosso país um jornal ou um jornalista é qualificado como barbárie. E não é verdade que nós criminalizamos a opinião, pois em nosso país todos os dias publicam tudo, todos os dias publicam que há falta de liberdade de expressão. Qualquer um pode dizer que o governo é bom ou mau, que é competente ou incompetente. Mas o que não pode se dizer em um meio de comunicação é que o presidente, ou qualquer cidadão, é um criminoso de lesa humanidade e que ele disparou sem aviso prévio contra um hospital, porque isso é difamação, isso é delito em qualquer país.
O caso Assange pode dar origem a uma tensão diplomática entre Equador e Grã-Bretanha?
Correa: Isso é a última coisa que queremos, mas nós não vamos pedir permissão a nenhum país para tomar decisões soberanas. O Equador não tem mais alma de colônia nem alma de vassalo. Se dar asilo, refúgio ou residência a fugitivos da justiça provocasse deterioração, a relação da América Latina com os Estados Unidos estaria deterioradíssima. Porque, provavelmente, Argentina, Brasil, México e outros países não devem estar de acordo que qualquer fugitivo que viole a justiça. Esse não é o caso do senhor Assange, mas sim de corruptos como os banqueiros que quebraram o Equador em 99 e fugiram para os Estados Unidos, onde gozam hoje de uma vida bastante cômoda.
Vocês têm um Murdoch no Equador?
Correa: No Equador, temos seis famílias que representam heranças familiares, não é propriedade democrática, um capitalismo popular onde há 10 mil acionistas em um empório. Os meios de comunicação no Equador são manejados por meia dúzia de famílias, que decidem o que os equatorianos devem saber e conhecer. Vocês se dão conta da vulnerabilidade que temos como sociedade? A informação depende dos interesses e dos caprichos de meia dúzia de famílias. Mas se um governo soberano e digno não as chama para consultar sobre o nome dos ministros ou sobre a indicação de embaixadores, como ocorria antes, vão com tudo para cima desse governo porque ele não se submete aos seus caprichos. É um problema mundial, mas em outros países é atenuado com participação, profissionalismo muito profundo, uma ética muito forte, tudo o que brilha por sua ausência aqui no Equador.
Presidente, um funcionário da Usaid acaba de dizer que eles estão ajudando as oposições a estes governos.
Correa: Franqueza anglo-saxã.
Impunidade?
Correa: Impunidade e arrogância.
Essa ideia nos fala de um tempo da informação como arma de guerra e a América Latina sofre uma verdadeira invasão dessas fundações como a USAID, a NED, o IRI. Isso não torna muito perigosa a nossa situação? A presença das ONGs destas fundações não é perigosa para o Equador?
Correa: Oxalá consigamos despertar os povos latino-americanos para essa situação. As direitas, os grupos de poder, sabem que nas urnas não conseguirão nos derrotar. Daí as campanhas contínuas de desgastes, de propaganda, de difamação, de enfraquecimento e desestabilização. Nós vivemos isso desde os primeiros dias de governo. Desde o primeiro dia de governo. O mesmo ocorre na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e em todos os governos progressistas da região. Sofremos as campanhas desses meios que são a vanguarda do capitalismo, do status quo dos partidos tradicionais de direita que se afundaram por seus próprios erros, para difamar, para distorcer a verdade com a cumplicidade de veículos da mídia internacional.
Essa é a contradição de que fala Ignacio Ramonet. Na Europa hoje há desemprego, estagnação, resgate de milionários, resgate de bancos e não de cidadãos, e os jornais dizem que isso é necessário, que é sério, técnico e correto. Que as pessoas morram de fome, precisamos salvar o capital! Enquanto isso, em países como o Equador, que é um dos que mais crescem na América Latina, que reduziu a pobreza, gerou mais emprego, tem a taxa de desemprego mais baixa da região e da história, todos os dias nos dizem que isso é populismo e demagogia, que é preciso mudar de governo.
Estamos ante uma campanha propagandística para defender os poderes fáticos que sempre dominaram nossos países. A direita perdeu as eleições nos Estados Unidos e agora chegam essas organizações para financiar esses grupos na América Latina. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste.
Por isso pergunto sobre o tema da informação como arma de guerra, como a arma letal antes do primeiro disparo.
Correa: Estou convencido disso. Alguns ainda imaginam a imprensa, sobretudo na América Latina, como o quarto poder nascente, que floresceu quando chegaram as democracias, quando ocorreram avanços técnicos e se multiplicaram as publicações, quando se avançou na alfabetização e as grandes massas passaram a poder ler. Esse poder impediria que o poder político, o poder do Estado, ultrapasse certos limites. Assim chegou a desinformação. Lembremos, por exemplo, do affair Dreyfus na França, quando por racismo e xenofobia se acusou um capitão judeu, como denunciou Emile Zola em seu famoso editorial “Eu acuso”. Essa imprensa limitava os excessos do poder político, mas esse vigoroso e ingênuo cachorrinho, bem intencionado, que lutava pelos interesses dos cidadãos, converteu-se de repente em um mastim feroz, com um poder ilimitado, raivoso, que não só tenta encurralar o Estado como também os próprios cidadãos.
O poder midiático na América Latina, como ocorre no Equador, é frequentemente superior ao poder político. Precisamos tirar certos estereótipos de cena ou do ambiente de certa burocracia internacional como alma de ONG, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que fala de pobrezinhos jornalistas e de malvados políticos. Isso não é certo. Os políticos são, muitas vezes, patrióticos. A antipatia que certos jornalistas alimentam, desfiando seus ódios e amarguras, acaba fazendo com que se metam inclusive em questões pessoais, com a família, etc. Então, vejamos a realidade. Trata-se de tabus e nos ensinaram a ter medo de criticar esses negócios, como se, criticando-os, estaríamos criticando a liberdade de expressão. Esses são os negócios da má imprensa.
Presidente, viremos a página e passemos à crise
Correa – É que esse tema (da mídia) me apaixona. É um tema acadêmico que me apaixona, ao qual dedicarei meu tempo quando sair da presidência. Pretendo me dedicar a ele, investigar e escrever porque se trata de um problema gravíssimo, porque estamos nas mãos de um poder midiático que superou inclusive o poder financeiro e político, e domina o mundo.
Você resumiu ontem em uma palavra o documento final da Rio+20, classificando-o como “lírico”...
Correa – É assim. Não há compromisso concreto. Podem verificar. Onde há um compromisso em cifras, por exemplo, com o limite de emissões de gases, compensações, acordos, acordos vinculantes como seria uma declaração de direitos da natureza em um tribunal internacional do meio ambiente, como propôs o Equador. Não há nada disso. Fala-se de cuidar melhor do planeta, mas não há um compromisso concreto. O avanço é muito pequeno.
A que atribui a ausência dos Estados Unidos e da Alemanha? Elas podem ter contribuído para essa falta de compromissos concretos?
Correa – Vai mais além. O problema não é técnico. Todo mundo sabe qual é o problema, todo o mundo sabe quais são as respostas. O problema é político. Quem gera os bens ambientais e quem consome esses bens ambientais? Se os países ricos ou os países em desenvolvimento podem consumir gratuitamente um bem que outros geram por que é que vão se comprometer a compensar e cuidar. Não farão isso a não ser que esteja em perigo evidente sua própria existência ou seus próprios interesses.
Então, o problema é político, é a relação de poder. Imagine que a situação fosse a inversa, que a Floresta Amazônica, por exemplo, estivesse nos Estados Unidos e que eles fossem geradores de bens ambientais e que nós dos países em desenvolvimento fôssemos os consumidores. Já teriam nos invadido em nome dos direitos humanos, da justiça, da liberdade, etc., para exigir compensações. Então, esse é um problema de poder. Enquanto não mudarem as relações de poder, muito pouco se irá avançar.
Considera então que o saldo provisório da Rio+20 é um fracasso?
Correa – Sim. Não se conseguiu avançar quase nada. Não há compromisso concreto, nada concreto. Nem sequer dinheiro. Houve uma reunião do G-20 no México e a maioria, 80% dos que estavam lá, regressaram para suas casas. Não vieram para a Rio+20. Não interessa. Apenas alguns poucos vieram para a Cúpula, sobretudo latino-americanos.
Houve também a Cúpula dos Povos, um encontro muito interessante.
Correa – Quisemos participar, mas não foi possível, estava muito longe. Infelizmente foi um problema de logística. Mas vamos ter um evento de direitos da natureza, paralelo à Cúpula, nos mesmos locais da Cúpula, para o qual convidamos 400 dirigentes de organizações sociais alternativas, progressistas de esquerda que buscam a justiça de nossa América e do mundo inteiro. O presidente Evo Morales também participará dessa conferência.
Eu queria perguntar-lhe sobre o que representam estas alianças como a do Pacífico (Colômbia, Chile, Peru e México) e o anúncio feito pelo presidente Felipe Calderón do Transpacífico, que é algo novo. Isso pode ser visto como uma ameaça à integração e à unidade da América Latina?
Correa – Bom, o maior problema em essência sobre o tema do cuidado com o meio ambiente e que também está na base da crise da Europa e dos Estados Unidos é que tudo foi mercantilizado. Eles não querem ver isso porque afeta os interesses dominantes. O mercado é uma realidade econômica que não podemos negar, mas o grande desafio da humanidade é que a sociedade deve conseguir dominar o mercado. O que temos hoje é o mercado dominando a sociedade e as pessoas, mercantilizando tudo. Como o mercado só se interessa pelo que é mercadoria, pelo que tem preços explícitos, não administra adequadamente bens públicos como o meio ambiente. Por isso pode consumir irresponsavelmente bens ambientais, bens públicos globais, depredar a natureza, etc., porque não têm preços explícitos, porque não são mercadoria.
Então, quanto mais se ampliar essa lógica do mercado, mais esses problemas se agravarão e os perigos serão ainda maiores para a conservação do planeta. Eu diria que nós somos muito críticos destes tratados de livre comércio, somos muito críticos da mercantilização da vida e da humanidade em geral. Esse é um dos grandes desafios que enfrentamos. Insisto, o mercado é um fenômeno econômico irrefutável, mas o grande desafio é fazer com que as sociedades dominem o mercado e não o contrário.
Senhor presidente, que medidas os países da América Latina deveriam tomar para não perder o rumo da histórica na direção de uma integração regional soberana e progressista. Como vê os avanços no Mercosul, na Unasul e na Comunidade Andina de Nações (CAN)?
Correa – Avançou-se como nunca antes. Isso não quer dizer que estejamos bem. Teremos que avançar muito mais rápido. Creio que há uma vocação concreta e uma posição integracionista sincera, não uma integração mercantilista como havia antes. O Mercosul nasceu na noite neoliberal dos anos 90. A CAN nasceu a todo vapor e depois diminuiu. A integração mercantilista não quer fazer grandes sociedades de nações, mas sim grandes mercados, não fazer cidadãos de nossa América, mas sim consumidores. A concepção da Unasul é diferente. Nós temos uma concepção integral, onde uma parte é comercial, que sempre é importante, mas não é o mais importante, e as outras partes tem a ver com conectividade, nova arquitetura financeira regional, harmonização de políticas, políticas de defesa. Oxalá consigamos avançar também em políticas trabalhistas para que nunca mais caiamos na América Latina na armadilha de competir para atrair investimentos, deteriorando e precarizando as forças de trabalho. Ao invés de atrair capitais na base do suor e das lágrimas de nossos trabalhadores, pensamos em outro mundo. Como disse, creio que avançamos, mas precisamos ir muito mais rápido.
O senhor tocou de passagem o tema do Conselho de Defesa Sulamericano, que está objetivamente estancado, e seu país sofreu um ataque estrangeiro em 2008. Na sua avaliação, com a chegada do presidente Santos na Colômbia, a hipótese de tensões entre Colômbia e Equador está completamente dissipada?
Correa - As relações bilaterais entre Equador e Colômbia gozam de um extraordinário momento. Há uma grande coordenação com o governo do presidente Santos. A Colômbia sempre foi o vizinho com o qual tivemos a melhor relação em nossa história. Infelizmente, essa história, séculos de irmandade, foi rompida pela traição de um presidente como Uribe. Mas, graças a deus, com o governo do presidente Santos isso foi superado e creio que ele também tem uma vocação integracionista muito profunda e apoia – de fato, tem apoiado – a proposta do Conselho de Defesa.
O Conselho de Defesa teve seus primeiros estremecimentos com o anúncio da radicação de tropas dos Estados Unidos na Colômbia. Essa possível radicação de tropas norte-americanas na Colômbia está definitivamente abortada?
Correa – Não tenho maiores conhecimentos a respeito desse assunto. Até onde sei há uma estreita colaboração norteamericana com o pretexto da luta antidrogas e oxalá que a ajuda se concentre aí. Mas temos que fazer um esforço de bastante ingenuidade para nos convencermos disso porque muitas vezes se fazem outras coisas com essas supostas ajudas, sobretudo com governos que não sigam a linha de Washington.
A pergunta anterior está associada a outras situações graves como a remilitarização com novas bases no Panamá e outros três centros operacionais do comando Sul , uma base nova no Chile e nas Malvinas o grande problema é a base britânica ali instalada. Toda esta expansão dos Estados Unidos não é ameaçadora para a região?
Correa - Nós queremos nos convencer que com Barack Obama, que acreditamos ser uma boa pessoa, a política internacional dos EUA mudou, mas as evidências nos mostram que não é assim, que tudo continua lamentavelmente igual, sobretudo no que diz respeito à América Latina, cujos governos comprometidos com justiça, dignidade e soberania passaram a ser vistos como uma ameaça para seus interesses. Devemos estar muito atentos a essa presença das forças armadas norte-americanas em nossa América e a esse processo de rearmamentismo que está ocorrendo nesta época tão difícil e complexa.
O Paraguai e a legalização de um golpe
via Carta Maior
Para líderes políticos que apoiam o presidente paraguaio Fernando Lugo, país vive golpe de Estado. Segundo eles, não há violência explícita. Busca-se dar aparência constitucional a uma tomada do poder pela força. Com rito acelerado, se não houver novidades, a decisão final será tomada pelo Congresso até sábado. A expectativa desses ativistas ouvidos pela Carta Maior é que haja protestos populares e isolamento internacional.
Gilberto Maringoni
O Paraguai vive um golpe de Estado com coreografia legal, de acordo com o líder camponês Ramón Molina. A Câmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de impedimento do presidente da República, Fernando Lugo, em rito sumário no final da manhã desta quinta-feira (21). No início da tarde o roteiro adentrava o Senado. Os prazos são curtíssimos. A acusação está sendo feita nesta noite e a defesa deve acontecer na sexta (22). A decisão final – se nenhum fato novo ocorrer – pode ser aprovada no sábado (23).
A depender dos votos parlamentares, Lugo é carta fora do baralho. A votação na Câmara foi de 73 votos contra o governo e um a favor. A maioria dos 45 senadores – mesmo os do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), da coligação governista – quer abreviar o mandato do chefe do Executivo.
O conflito entre os representantes parlamentares da elite local e o mandatário arrasta-se há pelo menos três anos. Na raiz de tudo está a resistência de Lugo em reprimir abertamente movimentos de camponeses sem terra que se enfrentam com grandes proprietários, entre eles vários brasileiros.
Até o início da noite de quinta não havia tanques nas ruas ou violência aberta. Há – segundo ativistas locais que conversaram com Carta Maior – uma crescente resistência popular. É a grande esperança dos partidários de Lugo para manter a normalidade democrática.
A seguir apresentamos os depoimentos de Najib Amado, secretário-geral do Partido Comunista Paraguaio, Ramón Molina, líder camponês e dirigente do Partido Popular da Convergência Socialista e Martin Almada, ativista de direitos humanos.
Najib Amado
(Secretário-geral do Partido Comunista Paraguaio)
“O processo de impeachment foi aprovado de forma acelerada. Isso deixa claro que se trata de um golpe de Estado. Há muita gente chegando do interior para resistir. O governo tem apoio nos setores populares. O golpe não representa nem mesmo a base social dos partidos de direita. Já estão em Assunção representantes do Foro de São Paulo (articulação de partidos de esquerda da América Latina) e logo mais chegam os ministros das Relações Exteriores da Unasul (Brasil, Equador, Bolívia, Colômbia e Uruguai). Os meios de comunicação fazem coro com os golpistas. Ao longo das últimas semanas difundiram notícias alarmistas e deram voz apenas aos parlamentares que tentam derrubar o presidente. Até agora, pelo menos oficialmente, as forças armadas não se pronunciaram. A polícia montou um aparato de segurança em torno do Congresso, mas não há violência nas ruas”.
Ramón Molina
(Secretário do Partido Popular Convergência Socialista e dirigente camponês)
“Estamos diante de um golpe de Estado patrocinado pelos grandes proprietários de terra do país. Mas começa a haver protestos em todo o país. No final da tarde já havia cerca de duas mil pessoas em frente ao Congresso, que está fortemente policiado. É uma mobilização pacífica. O presidente está no palácio, com seus auxiliares, avaliando a situação. Uma garantia ele já deu: não renunciará. Faltam dez meses para o final do mandato. Nossa maior esperança é conseguirmos aumentar a mobilização popular, isolar os golpistas internacionalmente e mostrarmos que se pretende interromper um processo iniciado com a eleição de Fernando Lugo, em 2008”.
Martin Almada
(Ativista de direitos humanos)
“O Paraguai vive um golpe de Estado de direita. O processo foi aprovado na Câmara dos Deputados e chegou ao Senado de forma acelerada. O senador colorado Juán Carlos Galaverna, de oposição, pressiona para apressar os fatos. A intenção é clara: evitar que camponeses ou defensores do governo resistam ao golpe. As traições à Aliança Patriótica (frente que elegeu Lugo em 2008) são escandalosas. Carlos Filizzolla, ex-ministro do Interior (que caiu após os conflitos de terra da semana passada), acaba de se reintegrar ao Senado e fez uma firme defesa do governo. O tempo regulamentar até a decisão é, agora, de dois dias. Trata-se de uma grande jogada do vice-presidente Frederico Franco (do PLRA) para ficar com o poder”.
21.6.12
Boaventura critica a economia verde, e Paul Singer exalta a economia solidária
via Carta Maior
“É uma perversão total transformar a natureza em mercado. Economia verde é suprir o capitalismo com mais capitalismo”, disse Boaventura de Sousa Santos, em debate na Cúpula dos Povos. “A economia solidária vai ser a economia de transição, ela vai nos ajudar a fazer o trânsito entre a produção e o consumo”, afirmou. Para Paul Singer, “é o melhor modelo desenvolvido até agora”.
Isabel Harari
Rio de Janeiro - Cerca de 200 pessoas se aglomeram em cadeiras de plástico, no chão de terra batida e até em uma árvore próxima. A tenda 14 da Cúpula dos Povos foi se enchendo e o calor tornou-se insuportável. Por volta do meio dia, Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e professor da universidade de Coimbra, e Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária, sentaram-se à mesa junto a outros dois integrantes do Ripess (Rede Internacional de Promoção da Economia Social e Solidária) da América Latina e Caribe. “Os militantes e revolucionários estão se encontrando, com seus ideais, angústias e medos”, disse Singer, apontando para a plateia.
A economia solidária como proposta de resistência ao modelo vigente foi o fio condutor desse debate que aconteceu na Cúpula dos Povos. “É preciso transformar o sistema político brasileiro”, declarou Boaventura. Esse modo de gerir a economia, continuou, é baseado na gestão dos empreendimentos pelos próprios trabalhadores, que os administram por meio da auto-gestão, em uma forma de democracia direta. “Trabalha-se com a ação humana”, explica o professor.
Para Boaventura, o capitalismo consiste em uma economia anti-solidária, anti-verde e anti-humanitária. O papel da sociedade civil é pífio,“apêndice do capitalismo”, enquanto a hegemonia dos bancos, do agronegócio e das grandes corporações é evidente. Toma como exemplo as verbas destinadas à pesquisa: 95% são destinadas ao agronegócio e apenas 5% são cedidas aos estudos sobre agricultura familiar. “É um mundo absurdo, onde metade morre por obesidade e a outra por inanição”, declarou.
A chamada “economia verde”, tema debatido à exaustão nos eventos oficiais da Rio+20 e tratado como a solução para os problemas climáticos e econômicos, foi colocada em questão por Boaventura. “É uma perversão total transformar a natureza em mercado. Economia verde é suprir o capitalismo com mais capitalismo”. E ele faz um alerta aos países com base industrial, como o Brasil, que estariam a reprimarizar suas economias, ou seja, exportando mais produtos agrícolas do que industriais. “Esses países estão exportando sua natureza, suas riquezas. Quando os recursos naturais acabarem, essas nações estarão muito mais pobres do que antes”, diz.
A economia capitalista afasta o processo de produção do produto final. “Olho para o meu celular e vejo que há trabalho escravo, há sangue para que isso esteja no meu bolso. Mas nós, no ímpeto do consumo, esquecemos que por trás do aparelho há um duro processo de produção”, exemplifica Boaventura. “A economia solidária vai ser a economia de transição, ela vai nos ajudar a fazer o trânsito entre a produção e o consumo”, afirmou.
“Um novo modo de gerir a economia através da integração das pessoas”, disse Singer, sobre a economia solidária, à Carta Maior. “É o melhor modelo desenvolvido até agora”, continua o economista. Para ele, já está ocorrendo a mundialização da economia solidária por meio de reuniões do Ripess e ações que englobam diversos países. Recentemente, ocorreu no Rio de Janeiro a “Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Reunião Mundial sobre Economia Solidária”, que contou com participantes da América Latina, Filipinas, Malásia e Canadá, entre outros.
Sobre a Rio+20, Boaventura alerta sobre a fragilidade do documento oficial preparado – consequência, em sua avaliação, da retirada dos pontos de divergência que dificultariam o consenso entre a cúpula governamental, tornando-o genérico e ineficiente. “Não é de se espantar que não haja nenhum compromisso obrigatório que vá levantar idéias, sobre o Protocolo de Quioto, por exemplo, para um outro nível de comprometimento. Não tenho grandes esperanças em relação à reunião intergovernamental. Há uma grande distância entre as políticas do governo e dos movimentos sociais”, disse o português.
A Cúpula dos Povos, para Singer, é “um momento de troca de idéias, de sonhar um mundo mais igual, mais democrático, mais livre, de tornar tudo isso realidade”. Sobre a diversidade de movimentos, ele declara que essa diferença precisa e deve ser respeitada e cultivada. Para Singer, a diversidade é de suma importância para unir na ação aquilo que há em comum. “Há um fermento na sociedade de grande mobilização social”, acrescenta, por fim, Boaventura.
20.6.12
CONSTITUIDA LA PLATAFORMA GLOBAL CONTRA LAS GUERRAS
via cine reverso
Auspiciada por el colectivo internacional Ojos para la Paz, ha quedado constituida el pasado día 12 de junio la Plataforma Global contra las Guerras.
Ante la continua manipulación mediática sobre los conflictos en Oriente Medio y África -alentados desde la autodenominada “Comunidad Internacional”, que encabeza EE.UU.-, que se vienen desarrollando de acuerdo con un guión programado.
Ante las mentiras que se difundieron sobre Yugoslavia, Irak, Afganistán, Libia… ,y se están difundiendo sobre Siria e Irán, por unos medios de comunicación que funcionan al dictado del Imperio.
Ante las complicidades de numerosos intelectuales de la supuesta “izquierda”, que no solo miran hacia otro lado sino que llegan a justificar lo que han acuñado como “guerra humanitaria”, convirtiéndose en hacedores del pensamiento único y allanadores del camino que conduce a la comisión de los crímenes más execrables, es decir: cómplices de estos crímenes
Ante la flagrante vulneración por la autodenominada “Comunidad Internacional” del ordenamiento jurídico internacional y del mandato de la Asamblea General de la ONU, que, junto a la Liga Árabe, ha encomendado a Kofi Annan una misión de Paz en Siria, cuyo punto principal es un alto el fuego. Alto el fuego que es vulnerado abiertamente por quienes entrenan, financian, dotan de armamento e introducen en Siria a los mercenarios que se dedican a sembrar el terror, cometiendo asesinatos; matanzas de población; sabotajes; voladuras de edificios, autobuses, depósitos de combustible, etc.
Ante el doble discurso mantenido por una “Comunidad Internacional”, que condena el terrorismo de palabra mientras que lo financia, con la finalidad de provocar golpes de estado e ir ocupando los países que convienen a sus intereses estratégicos, y muy principalmente los que cuentan con petróleo y gas.
Frente a esta guerra total y criminal , que se va extendiendo como un cáncer, es necesario que los ciudadanos griten ¡¡¡Basta!!!
-Rosa Regás, escritora, exdirectora de la Biblioteca Nacional de España
-Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel de la Paz
-José Luís Sampedro, escritor, humanista, economista, que aboga por una economía más humana y solidaria, por la dignidad de los pueblos. Orden de las Artes y las Letras e España por su sobresaliente trayectoria literaria y su compromiso ético.
-Carlo Frabetti, escritor, académico de la Academia de Ciencias de Nueva York, Presidente de la Asociación Mundial contra la Tortura
-Andrés Vázquez de Sola, periodista, pintor, caricaturista
-Noel Colón Martínez, Fundador del Movimiento independentista Nacional Hostosiano, de Puerto Rico
-Mario Augusto Jakobskind, periodista, Premio Chico Mendes 2012. Brasil
-Isabel Pisano, escritora, reportera de guerra
-Willy Toledo, actor
-Julio Anguita, exsecretario general del PCE y de Izquierda Unida, de España
-Carlos Tena, periodista, crítico musical
-Mario Casartelli, escritor, poeta, caricaturista, cantautor. Paragüay
-Javier Ruibal, cantautor
-Leonor Massanet, farmacéutica, psicóloga, www.leonorenlibia.com
-Alejandro Torres Rivera, abogado, escritor, analista político, profesor de
Universidad. Puerto Rico
-Jorge Beinstein, catedrático de Economía Internacional. su cátedra “Globalización y
Crisis”, de la Universidad de Buenos Aires, se ha transformado en cátedra abierta para analizar la situación en Siria, la agresión contra ese país y el peligro de guerra mundial.
-Iñaki Errazkin, escritor, comentarista político de RT, director del portal InSurgente
-Francisco Frutos, exsecretario general del PCE y de Izquierda Unida
-Flavio Signore, periodista, reportero de guerra, director de cine. Italia
-Alejandro Iglesias Rossi, compositor, Presidente del Consejo Argentino de la Música, creador y director de la Orquesta de Instrumentos Autóctonos de América, cuenta con las dos máximas distinciones musicales de la UNESCO. Argentina
-Juan Manuel Sánchez Gordillo, Alcalde de Marinaleda
-Hugo Gómez, abogado, exdiplomático, excatedrático de Derecho Internacional
-Rina Bertaccini, ingeniera geógrafa, experta en temas de seguridad, militarización y lucha por la paz. Presidenta del Movimiento por la Paz, la Soberania y la Solidaridad entre los pueblos, MOPASSOL. Vicepresidenta del Consejo Mundial por la Paz. Argentina
-Herman Schiller, periodista, historiador, docente, militante de DD.HH., exdirector del diario de la comunidad judía en Argentina, “Nueva Presencia”, puesto del que fue cesado por su solidaridad con la causa palestina, conductor del programa “Leña al Fuego”. Argentina.
18.6.12
“Camila, ¡Qué bueno que has traído a México este diálogo latinoamericano!”
via La Jornada
Compañera Camila: ¡Qué bueno que ha traído a México este diálogo latinoamericano de los movimientos emancipadores! Al saber de su presencia no pude menos de recordar la voz y la fuerza de Salvador Allende y de la más profunda lucha que el socialismo parlamentario ha dado en el mundo entero. De Allende y quienes lucharon con él es digno sucesor este gran despertar del pueblo chileno a que su juventud convoca, y que lejos de limitarse a una valerosa lucha por la educación forja un nuevo movimiento liberador de los trabajadores, de los ciudadanos, de los campesinos y de los indios mapuches.
Mucho de nuevo tiene el movimiento chileno y, como los nuestros de los que quiero decirle unas cuantas palabras, forma parte de un movimiento universal que en México iniciaron en 1994 los pueblos mayas del sureste, conocidos como zapatistas, cuyo lema es precisamente: Libertad, Justicia, Democracia. Ellos plantearon innovaciones en los conceptos, en las palabras, en las formas de comunicación, de expresión y de organización…, algunos ejemplares para combinar el discurso político y el narrativo, el imaginativo y el práctico; otros, para identificar el conocimiento con la pérdida del miedo, y la moral de lucha con el respeto a la dignidad de uno mismo; otros más para instaurar un sistema de autonomías con democracia, a la vez participativa y representativa, la de la asamblea y la del mandar obedeciendo, y muchos otros, capaces de articular las luchas de las comunidades con las que da la nación por su independencia, y con las del mundo por lo que los pueblos andinos llaman el buen vivir.
En México surgieron otros movimientos más, como el de los cristianos herederos de la teología de la liberación latinoamericana que, con su opción por los pobres, difunden el respeto a las creencias religiosas y laicas y, en muchos casos, el pensar histórico, y que hoy –con numerosos movimientos sociales y políticos–, están organizando la lucha porLa Justicia y la Paz, y contra la guerra infame que nos imponen el imperio y sus asociados nativos, una guerra que hace sus principales víctimas entre los pueblos que luchan contra las corporaciones depredadoras, y también entre los abogados que los defienden, entre los líderes que los encabezan, y entre los periodistas que expresan la verdad de lo que ocurre.
A los movimientos anteriores se añade otro no menos importante: es el de #YoSoy132, con en el que hace acto de presencia la juventud mexicana en el campo cibernético de la lucha, y muestra el inmenso poder que en ese campo tenemos para ganar las batallas de la libertad de expresión y de comunicación, las de organización de colectivos y redes de colectivos que hagan realidad la educación universal, la democracia como gobierno del pueblo, y la subsistencia de la Tierra y de la humanidad. Este movimiento contiene, a más de muchas otras aportaciones intelectuales y culturales, la de haber descubierto que el yo es parte del nosotros: #YoSoy132
Y hay un movimiento no menos significativo que, organizado en red, cava en lo profundo de un modo de dominación y acumulación altamente depredador, corruptor y destructivo. Convocó a ese movimiento el pueblo purépecha de Cherán K`eri, en el estado de Michoacán, y allí se realizó, el pasado mes de mayo, un Encuentro Nacional de Redes de Resistencias Autónomas Anticapitalistas. La convocatoria, los discursos, las relatorías del encuentro enfrentan al capitalismo corporativo y a los complejos empresariales –militares– políticos y mediáticos, que con sus aliados y subordinados están llevando al mundo a una catástrofe ecológica que no sólo amenaza al 99 sino al 1% de la humanidad, según investigaciones de los más serios y rigurosos científicos de las propias organizaciones intergubernamentales. Textos y discursos del congreso de Cherán K. revelan una recuperación del método histórico-político que originalmente correspondió a un pensamiento crítico y creador –el de Marx y Engels–, y que ya enriquecido por la historia universal, contribuye como pocos a comprender hoy el mundo realmente existente y a construir un mundo realmente humano y sostenible. Pero más que pensar en forma doctrinaria los participantes, reunidos en el pueblo purépecha de Cherán K, piensan en la forma de plantear la lucha más profunda por la libertad y por la vida.
Hay mucho más que decir, pero aquí me detengo pues no vayan mis palabras a impedir que Camila Vallejo nos cuente cómo se plantea en Chile la lucha por otro mundo posible.
Escuchemos a la compañera Camila y enviemos con ella un caluroso abrazo a la juventud chilena. ¡Viva Chile! ¡Viva América Latina! ¡Viva la vida! ¡Venceremos!
Presentan en Cuba reflexiones inéditas de Ernesto Che Guevara
via contrainjerencia
LA RADIO DEL SUR – Con citas inéditas del célebre revolucionario, en la obra se reúnen textos de tres momentos de su existencia: anotaciones de su adolescencia y primera juventud, las reflexiones escritas entre Tanzania, la antigua Checoslovaquia y Cuba, y los estudios de obras teóricas emprendidos desde su llegada a Bolivia.
Como parte de las actividades que se realizan este 14 de junio en Cuba por el natalicio de Ernesto Che Guevara, tuvo lugar la presentación del libro “Apuntes filosóficos”, con citas inéditas del Guerrillero Heroico escritas entre 1945 y 1967.
La obra, editada por Ocean Press y Ocean Sur conforma, junto a otros textos, la base del pensamiento marxista del revolucionario latinoamericano, que lo ayudó a interpretar desde el punto de vista teórico, la realidad de América Latina y en general del Tercer Mundo, situación que permanece vigente hasta nuestros días, declaró a la prensa su hija Aleida Guevara.
En esta edición, se reúnen textos de tres momentos de su existencia: anotaciones de su adolescencia y primera juventud, las reflexiones escritas entre Tanzania, la antigua Checoslovaquia y Cuba, y los estudios de obras teóricas emprendidos desde su llegada a Bolivia, explicó María del Carmen Ariet, compiladora del volumen.
Desde los 17 años y durante el resto de su vida, el Che escribió y reflexionó sobre la teoría marxista a partir de la lectura de algunos grandes pensadores como Hegel, Marx, Engels, Althusser, Lenin, Mao Tse-Tung, entre otros y la acción práctica, liberadora y creadora de lo que para él significaba una revolución socialista.
El libro constituye también un aporte al conocimiento de la biografía intelectual del Che, su dimensión realista y al mismo tiempo profética, destacó el intelectual cubano Fernando Martínez Heredia, prologuista del texto.
El libro también incluye en los anexos el contenido de seis de los siete cuadernos filosóficos escritos por el Che y un listado de las obras a las que acudía el Guerrillero Heroico en busca de claves para cambiar el mundo.
Con la publicación de “Apuntes filosóficos”, coincidieron los miembros del Centro de Estudios Che Guevara y de la editorial Ocean Sur, se concluye un ciclo esencial de la vida y obra del revolucionario latinoamericano y es además un regalo para quien estaría cumpliendo este 14 de junio, 84 años.
Las ONG desaparecen más de 80 por ciento de la ayuda enviada a Haití
via contrainjerencia
Más del 80 por ciento de la ayuda ofrecida a Haití tras el terremoto de enero de 2010 fue invertido en la administración y logística de las ONG radicadas aquí, denunciaron hoy expertos.
Durante un coloquio celebrado en Canadá sobre el apoyo de las organizaciones no gubernamentales al país caribeño tras el sismo, la activista haitiana Nancy Roc criticó que la mayor parte de los fondos fue a parar a empresas de Estados Unidos, Canadá y Europa.
La activista rechazó, además, que los haitianos sean considerados como responsables del despilfarro de la ayuda internacional y cuestionó la no invitación a ningún actor u ONG de su país a la reunión.
El profesor canadiense Stéphane Pallag afirmó que la comunidad internacional necesita replantearse la ayuda a Haití, porque dos años después se constata que no es efectiva.
En un mensaje enviado al coloquio, el primer ministro haitiano, Laurent Lamothe, consideró también que el papel de las ONG en su país puede ser nefasto y poco productivo si sus acciones se ejecutan sin tener en cuenta las prioridades del Estado.
Lamothe llamó a la comunidad internacional a revisar su política de ayuda hacia Haití, porque, dijo, no resulta beneficiosa.
Anunció además que su gobierno prevé exigir una mayor transparencia a las acciones de las ONG aquí y exigió canalizar la ayuda a través del Estado.
Actualmente, los fondos donados para la reconstrucción de Haití se distribuyen a través de las empresas extranjeras afincadas en esta nación.
“La mejor forma de canalizar la ayuda es mediante el gobierno, siempre con la exigencia de transparencia en su gestión”, sostuvo.
Aunque se estiman en cerca de 595 en la actualidad, no se conoce la cantidad exacta de organizaciones no gubernamentales radicadas en Haití.
El presidente Michel Martelly denunció en enero pasado que su gobierno solo recibió un centavo de cada dólar destinado por la comunidad internacional para la reconstrucción del país caribeño.
Solo uno por ciento de los cuatro mil millones de dólares donados se utilizaron en programas sociales, afirmó.
El mandatario aseguró que las demoras en la reconstrucción de su nación responden a los propios mecanismos para distribuir la ayuda.
La revista independiente Dissident Voices alertó también que organizaciones no gubernamentales, empresas privadas y gobiernos, principalmente el de Estados Unidos, eran los responsables del desvío del dinero destinado a la reconstrucción de la nación caribeña.
Esa publicación indicó que las ineficiencias y corrupción imperantes en los mecanismos de entrega de los fondos conllevó a que el mayor receptor individual del dinero del terremoto fuera el gobierno estadounidense.
Justo después del sismo, esa Administración asignó 379 millones en ayuda inicial y envío de tropas a Haití, pero se demostró que 33 centavos de cada uno de estos dólares regresó al país norteño para reembolsar el pago a los militares, indicó la revista.
Asimismo, citó un informe de la Oficina de Investigación del Congreso estadounidense, según la cual, de las supuestas ayudas posteriores, 655 millones regresaron al Departamento de Defensa y 220 millones al de Salud y Servicios Humanos.
De acuerdo con datos de Naciones Unidas, Haití recibió solo la mitad del pedido de ayuda para el año pasado y en 2012 nada más que 8,5 por ciento de lo previsto.
El terremoto que asoló hace dos años al país caribeño dejó más de 300 mil muertos y casi dos millones de damnificados, mientras Puerto Príncipe quedó prácticamente en ruinas.
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