28.1.12

Começou a sacanagem: agora Anistia quer que Dilma defenda Yoani!



Começou a sacanagem: A Anistia Internacional solicitou ao governo brasileiro que intervenha junto as autoridades cubanas para que seja dada permissão a Yoani Sánchez de sair e entrar do país livremente", disse a organização em comunicado: 
"A notícia de que o Brasil emitiu o visto para Yoani Sánchez, a blogueira cubana e ativista de direitos humanos, para visitar o país em virtude de um festival de cinema é um passo significante no reconhecimento da sua liberdade de locomoção. As autoridades cubanas devem agora conceder-lhe permissão para viajar ao Brasil para comparecer à exibição do documentário do documentarista brasileiro Dado Galvão, em Jequié, Bahia, em 10 de Fevereiro. O filme apresenta a história de Yoani Sánchez e outros blogueiros.
A Anistia Internacional solicitou ao governo brasileiro que intervenha junto as autoridades cubanas para que seja dada permissão a Yoani Sánchez de sair e entrar do país livremente. Em carta datada de 20 de janeiro de 2012, endereçada ao Ministro da Relações Exteriores do Brasil, Sr. Antonio Patriota, a organização urge o governo brasileiro a tomar providências neste caso como também a discutir as violações de direitos humanos em Cuba (ver carta através do link http://www.amnesty.org/en/library/info/AMR19/001/2012/pt)."
Minha pergunta é a seguinte: O que será que a Anistia tem feito pelos 5 heróis cubanos presos injustamente nos EUA? Será que recomendou ao Obama que os soltasse? Qual foi o papel desempenhado pela Anistia no fajuto julgamento dos mesmos, que foi controlado pela máfia de Miami? E Guantânamo? A Anistia tem visitado?

27.1.12

A receita da SOPA

via De donde crece la Palma


Por Adrialis Rosario
Imagina un mundo sin Wikipedia o Google, donde los proveedores de acceso se ven forzados a actuar como policías de la red  para evitar ser sancionados, pues según los nuevos proyectos de ley  Stop Online Piracy Act (SOPA) y Protect Intelectual Property Act (PIPA) todos son culpables de piratería,  hasta probar lo contrario.
Esta nueva propuesta representa una revolución en el mundo informático que le permite al Departamento de Justicia de los Estados Unidos y a los propietarios de derechos intelectuales, obtener órdenes judiciales contra aquellas webs o servicios que permitan o faciliten violaciones de los copyrights.
Combatir la piratería informática es un deber de los Estados con sus ciudadanos. El robo es condenado cualquiera sea su variante. Pero la aprobación de estos proyectos no será una medida eficaz contra esta situación.
En su lugar limitará el acceso del público a la información, no solo en Estados Unidos, en el mundo entero. Los que apoyan esta medida dicen representar a los  2,2 millones de estadounidenses cuyos trabajos dependen de las industrias del cine y la televisión.
Los opositores acusan a los gobiernos y a la comunidad creativa  por tratar de evitar que roben el trabajo de otras personas. Esto ilustra el extremismo de buena parte del movimiento que está en contra de los derechos de autor.
No sólo está moralmente mal justificado que se tome el trabajo de otras personas a cambio de nada, sino que además ignora la simple verdad de que todo lo que tiene algún valor, incluyendo el entretenimiento, necesita tiempo y dinero para ser creado.
Dos grandes grupos de poderes se enfrentan ante este plan, el fondo de la cuestión es una batalla entre dos tipos de medios, los nuevos y los viejos. Unos dependen del copyright para explotar los contenidos creativos, los otros buscan expandir el consumo de contenidos sin restricciones impuestas desde afuera.
La polémica suscitada ha provocado paros como forma de protesta en las grandes empresas online  que se verían afectadas.
Al ser cuestión de intereses existe una gran división que se manifiesta incluso dentro del propio Congreso, motivo por el cual la aprobación del plan se pospuso para lograr un mayor consenso que solo será posible con la modificación de los puntos más extremistas.
Sin dudas, le faltan ingredientes ala SOPA, entre ellos el interés manifiesto de una clase dominante.

26.1.12

Brasil e Cuba: Em diplomacia não cabe demagogia


por Hélio Doyle via Brasil 247



UMA MENTIRA E UM FACTÓIDE SÃO USADOS PARA PRESSIONAR DILMA A VIOLAR PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A viagem da presidente Dilma Rousseff a Cuba, ainda este mês, tem levado algumas pessoas a deixar de lado, por razões ideológicas ou desinformação, dois princípios elementares das relações internacionais: o respeito à soberania das nações e a não interferência em assuntos internos de outros países. Desconhecendo ou fingindo desconhecer esses princípios básicos da diplomacia e das relações exteriores, querem colocar na agenda pública que a presidente terá em Havana, a todo custo, temas específicos ligados aos direitos humanos.


Uma mentira e um factóide têm servido como fundamentos recentes para essa posição. A mentira é que um oposicionista cubano preso por motivos políticos morreu em greve de fome. Na verdade estava preso por agressão à mulher e aos policiais chamados por sua sogra. E não fez nenhuma greve de fome. Já o factóide foi criado por uma blogueira que se opõe ao governo cubano e viu uma boa oportunidade de causar um problema político e diplomático para o Brasil e para Cuba às vésperas da visita de Dilma.
O Brasil não deve ignorar violações aos direitos humanos em Cuba e em qualquer país do mundo e fingir que nada acontece. Mas as conversas com autoridades de outros países, em qualquer nível, não podem ser públicas, apenas para render matérias na imprensa e agradar aos que fazem oposição aqui ou lá. Além de isso violar princípios diplomáticos, nada rende em termos práticos. Conversas privadas e reservadas, sem alarde, dão muito mais resultados do que as declarações midiáticas e espetaculosas que têm sido sugeridas a Dilma por pessoas que, apesar dos títulos que algumas ostentam, mostram que nada entendem de política externa e não buscam resultados, mas apenas barulho. Estrangeiros que foram presos no Irã já transmitiram ao governo brasileiro seus agradecimentos pelas gestões que possibilitaram sua libertação. O mesmo resultado não teria sido obtido com declarações públicas de condenação ao governo iraniano, como alguns querem.
As questões referentes aos direitos humanos devem ser levadas aos fóruns multilaterais, da ONU e de outras organizações internacionais. Há situações que têm mesmo de ser condenadas e a chamada comunidade internacional pode exercer um papel importante para impedir as constantes violações de direitos humanos em vários países. Mas como as violações ocorrem em quase todo o mundo, inclusive – e em alta escala – nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, muitas vezes as condenações e as absolvições têm viés político e ideológico. Os amigos são absolvidos, os inimigos são condenados. E Estados Unidos e Israel, dois contumazes violadores de direitos humanos, desconhecem arrogantemente qualquer resolução internacional que os condene.
Além disso, a ingerência que tem sido proposta no Brasil é seletiva. Vale apenas para países cujos governos não agradam aos Estados Unidos. Os mesmos que exigem essa postura de Dilma não pedem para que ela discuta com o presidente Barack Obama, por exemplo, as reiteradas violações aos direitos humanos e torturas na base de Guantánamo, ou as execuções de prisioneiros e mortes por greve de fome nos Estados Unidos. Poderiam propor que o Brasil manifeste ao governo dos Estados Unidos o desagrado pela condenação a apenas 90 dias de prisão de um sargento acusado de ordenar o assassinato de 24 civis no Iraque, entre os quais mulheres e crianças. Ou protestar contra a repressão violenta a manifestações populares em países europeus e no Chile. Os intervencionistas também não defendem que Dilma discuta com Obama, sob as luzes de refletores, a prisão de cinco cubanos, nos Estados Unidos, sob as falsas acusações de espionagem e responsabilidade na derrubada de aviões de exilados que sobrevoavam reiteradamente o território cubano.
Dilma está certa em não tratar desses temas publicamente, nem com Raúl nem com Obama ou qualquer outro governante. Deve respeitar a soberania das nações e não interferir em assuntos internos. A diplomacia também se faz com gestos sutis, sem ofensas desnecessárias. Aos que defendem o intervencionismo falta autenticidade e sobra hipocrisia. Direitos humanos são apenas pretextos para eles. O que querem mesmo é reforçar uma posição política e ideológica bem definida.
Já se esperava que Dilma sofresse pressões desse tipo antes de ir a Cuba. Aos oposicionistas brasileiros interessa desgastá-la. Aos oposicionistas cubanos – e aos Estados Unidos, que os financiam abertamente -- interessa isolar o governo de Raúl Castro e impedir que o Brasil fortaleça suas relações econômicas com Cuba. Assim, era natural que surgissem fatos e factóides para alimentar o noticiário em órgãos de imprensa que comungam as mesmas ideias e assim dar respaldo aos oposicionistas dos dois países.
A primeira ação para tentar atrapalhar a visita de Dilma a Havana veio da blogueira cubana Yoani Sánchez. Ela postou na web a gravação de um apelo para que a presidente interceda a seu favor para que obtenha visto de saída do governo cubano e possa vir ao Brasil. Se Yoani quisesse mesmo vir, e não criar um fato político para prejudicar a visita de Dilma e as relações entre Brasil e Cuba, teria feito o pedido formal e discretamente. Deixaria para fazer sua propaganda política quando estivesse aqui. Mas apenas no dia 20, depois de cobrada pela imprensa, é que ela entregou uma carta formal à embaixada do Brasil em Havana.
Yoani teve a indelicadeza de enviar uma mensagem pública a Dilma, antes de formalizá-la, para obter repercussão. Há alguns meses, ela inventou que havia sido sequestrada por policiais em Havana e havia sido agredida. O fato não ocorreu e ela nunca mostrou uma só marca das agressões, como prometeu que faria. Agora quer comparar sua situação à que Dilma enfrentou nos tempos da ditadura. Só que Yoani não é obrigada a viver na clandestinidade, nunca foi presa e torturada e não teve companheiros assassinados. O que o governo cubano lhe deve é um visto de saída, ou uma justificativa coerente para negá-lo.
Depois veio o caso de Willam Villar, apresentado como preso político que morreu em decorrência de uma greve de fome. Villar foi preso quando sua sogra chamou a polícia porque ele estava agredindo a mulher. Resistiu à prisão e atacou os policiais. Quando respondia ao processo em liberdade, foi cooptado por um grupo oposicionista que lhe convenceu de que assim seria considerado preso político, e não comum, podendo ser libertado por gestões da Igreja e de outros países, como tantos que agora estão nos Estados Unidos e na Espanha. Condenado a quatro anos de prisão pelas agressões à mulher e aos policiais e pela resistência à prisão, teve um problema respiratório grave e morreu alguns dias depois, no hospital. Nunca fez greve de fome. Sua atividade política e a greve foram inventadas pela oposição para provocar repercussão – e prejudicar as visitas de Dilma e, em fevereiro, a do papa.
A imprensa brasileira acreditou logo na primeira versão que recebeu sobre a morte de Villar e agora não quer voltar atrás e reconhecer a “barriga”. Insiste na versão falsa, e nisso é acompanhada até por professores universitários entrevistados por emissoras de televisão. Às favas com os fatos, para eles é mais conveniente assim

PIG inicia nova campanha contra Cuba.

via La Jornada

Medios como CNN utilizaron las mentiras de Yoani Sánchez como fuente en la nueva campaña contra Cuba
Al seguir las noticias internacionales podemos constatar patrones de comportamiento. Los consorcios mediáticos montan campañas sistemáticas únicamente contra los gobiernos que no se someten a Washington, defienden su soberanía nacional e intentan conducir políticas económicas más justas. Estas campañas se basan, como regla, en mentiras, medias verdades y tergiversaciones. En cambio, dirigen cuando más un tibio señalamiento para aparentar “objetividad”, a los gobiernos dóciles que hacen pagar durísimas penalidades sociales a sus poblaciones con la obscena concentración neoliberal de la riqueza y las reprimen con el pretexto de la lucha contra el terrorismo y el narco.
Para comprobar lo que afirmo no hay más que comparar la cobertura de CNN en español sobre Venezuela, Cuba, Ecuador, Bolivia y Argentina con la que hace de gobiernos aliados de Estados Unidos. Allí esta Chile, al que continúa citando como paradigma de economía liberal exitosa y robusta democracia mientras el gobierno reprime con saña a estudiantes y mapuches y se derrumba la popularidad del presidente. Cito a CNN en español por su inigualable manipulación informativa –tal vez comparable sólo a la del Grupo Prisa-, pero lo mismo puede decirse de todos los medios corporativos. Ahora bien estas prácticas, no sólo de desinformación, también de empobrecimiento espiritual de las audiencias, exigen un requisito. Se deben fabricar estereotipos, machacándolos un día sí y otro también, de modo que los receptores del mensajes acepten posteriormente cualquier idea relacionada con aquéllos por más irracional y descabellada que pueda ser. Se trata, como ha explicado pormenorizadamente el lingüista Noam Chomsky, de la “manipulación del consenso”.
Según esto, Cuba es una tiranía, violadora sistemática de los derechos humanos que oprime a su pueblo, patraña que desde 1959 se ha dicho y repetido en las escuelas, los púlpitos, las reuniones sociales de las clases acomodadas, los libros tarifados y, por supuesto, en los medios de difusión masiva; usando todos los instrumentos de control culturales e ideológicos de la dominación capitalista. En las últimas décadas la maquinaria de propaganda estadunidense se ha empleado a fondo para hacer creer que existe una oposición dentro de la isla, entendiendo como tal a vividores pagados por la potencia del norte, cuya agenda no interesa a los cubanos. Todo esto es conocido no sólo por las irrefutables pruebas presentadas al respecto por La Habana, sino debido a las inapreciables revelaciones por Wikileaks de los cables secretos(desde o sobre Cuba) cruzados entre sus diplomáticos y el Departamento de Estado. Es muy elocuente que sean los vividores, como la bloguera Yoani Sánchez, el “activista” Elizardo Sánchez o las llamadas damas de blanco, las fuentes sobre Cuba de los citados medios. Es el caso de la última campaña contra La Habana por la muerte –en una inexistente huelga de hambre- del preso común Wilman Villar, convertido en político de la noche a la mañana por estas fuentes. Los medios participantes, siguiendo el “testimonio” de los mercenarios lanzaron el ataque sin escuchar la versión del gobierno cubano. Como es de rigor Washington y algunos de sus amigotes europeos y latinoamericanos les dieron crédito y otra vez atacaron a Cuba con la cantaleta de los derechos humanos. El burro hablando de orejas.
Basta recordar el cuento de las armas “de destrucción masiva” en Irak, o el “bombardeo” de Kadafi a sus propios compatriotas, del cual nunca mostraron una sola prueba, o las cientos de “muertes” de Fidel Castro. En el caso de Irak y Libia la mentira sirvió de pretexto para destruir y desangrar Estados. Usándola desaforadamente, se creó el clima sicológico propicio para las agresión a Libia no obstante ser más evidente que nunca que el capitalismo no puede ofrecer otra cosa a los pueblos que hambre, ignorancia, insalubridad, guerras injustas, devastación ecológica y notables descensos del nivel de vida y las conquistas sociales. Ya no sólo en los países pobres sino en los mismo centros imperiales, como Estados Unidos y la Unión Europea. La mentira es un arma de guerra que puede ser muy peligrosa si no es desenmascarada enarbolando la verdad, como ha hecho Cuba una vez más.
Las calumniosas campañas contra la isla intentan justificar el odioso bloqueo, pero también persiguen sedimentar la hipócrita y criminal noción de moda, el derecho a “proteger” aplicado en Libia.

Verdades irrefutáveis sobre os vínculos de Yoani Sanchéz com os serviços de inteligência norte americanos

via El blog de Yoahandry

Verdades irrefutables de los vínculos de Yoani Sánchez con los servicios de inteligencia norteamericanos
Recientes:
De los archivos:
Otos:
Videos de Cubainformación TV sobre Yoani Sánchez:
Descargue los cables de Wikileaks (originales en inglés) y la “entrevista” de Barack Obama:
  • 09HAVANA527: Preguntas (y respuestas redactadas por la SINA) de Yoani Sánchez a Obama (PDF,  98Kb)
  • 09HAVANA695: Bloguera emocionada por respuestas de Obama (redactadas por la SINA) (PDF, 90Kb)
  • Las “respuestas de Obama”, en inglés (PDF, 582 Kb )
    Denuncias falsas
    Yoani Sánchez ha protagonizado, además, numerosos casos de denuncias probadamente falsas. Su denuncia, en 2009, de un secuestro de veinte minutos, en el que habría sido golpeada por desconocidos, se demostró una completa farsa. En 2010, denunció el bloqueo por parte del Gobierno cubano de sus mensajes a Twitter, cuando había sido esta empresa estadounidense la responsable del corte del servicio. En septiembre de 2011, un cable revelado por Wikileaks demostró que su entrevista al presidente Barack Obama, publicada dos años antes en su blog, y que supuso un gran espaldarazo mediático para la bloguera, fue en realidad cocinada en la oficina diplomática de EEUU en La Habana. Recientemente, la bloguera cubana, financiada por Estados Unidos, encabezó una campaña contra Cuba "denunciando" la muerte de un reo por huelga de hambre. El propio Fidel Castro desmintió esa manipulación en una reflexión que recibió amplia repercusión de la prensa internacional.
Conclusión
Conclusiones a las que llegó Salim Lamrani, periodista que investigó las relaciones de Yoani Sánchez con Washington.
Casi medio siglo después de su elaboración, la política estadounidense que consiste en crear y apoyar a una oposición interna en cuba sigue vigente. Esta estrategia, clandestina durante cerca de treinta años, es ahora reivindicada y pública, aunque el derecho internacional la considera ilegal. Así, la financiación de la oposición cubana por parte de Estados Unidos alcanza varios millones de dólares al año. Frente a la erosión de la disidencia tradicional que representan Oswaldo Payá, Elizardo Sánchez, Vladimiro Roca, Marta Beatriz Roque, Guillermo Fariñas y las Damas de Blanco, Washington apuesto ahora por la nueva generación de opositores cuya figura emblemática es la bloguera cubana Yoani Sánchez.
Los contactos diplomáticos de la bloguera disidente le permiten llegar hasta la Casa Blanca y se reúne regularmente con los altos funcionarios estadounidenses tales como Bisa Williams. Para evitar las críticas, Estados Unidos diversifica su apoyo a la oposición cubana. Además de la ayuda financiera directa que propone ha elaborado, gracias a la poderosa red política y mediática de la que dispone, un sistema de financiación “legal” que consisten en recompensar la oposición al gobierno de La Habana mediante premios dotados de varias decenas de miles de dólares, como lo ilustra la avalancha de distinciones que ha recibido Sánchez, la nueva ninfa Egeria de Washington, en el espacio de algunos meses.
El objetivo de Washington ya no es federar a la población cubana alrededor de estas personas que preconizan un cambio de sistema en Cuba, pues sabe que su discurso no es audible entre los habitantes de la isla, cuya mayoría permanece fiel al proceso revolucionario a pesar de las dificultades y vicisitudes cotidianas. La oposición aliada a Estados Unidos, en el mejor de los casos, suscita la indiferencia entre los cubanos, y muchas veces el rechazo. La guerra es más bien de orden mediático. Al mantener la presencia de una oposición interna, incluso sin envergadura y carente de toda base popular, permite justificar su política de aislamiento y de sanciones contra el gobierno de La Habana en nombre de la lucha por “los derechos humanos y la democracia”.
Yohandry Fontana
La Habana
Nota:
Los textos y fuentes aquí citadas pueden ser utilizados por la prensa nacional e internacional; y los amigos de Cuba que deseen difundir estas verdades irrefutables de los vínculos de Yoani Sánchez con los servicios de inteligencia norteamericanos.
Para cualquier otra información escribir a yohandry8780@gmail.com

23.1.12

Por trás de Yoani Sánchez

por Hélio Doyle via brasil247

SUSPEITAS EM TORNO DA MOVIMENTAÇÃO DA BLOGUEIRA CUBANA ÀS VÉSPERAS DA IDA DE DILMA A HAVANA

Com a aproximação da viagem da presidente Dilma Rousseff a Havana, volta à cena a blogueira Yoani Sánchez, hoje a mais conhecida opositora da revolução vitoriosa em 1959 e do sistema socialista que vigora em Cuba desde 1961. Yoani, ao contrário de outros opositores residentes em Cuba, não lidera um grupo político, mas dispõe de um blog que é traduzido em 18 línguas. Ela gravou um vídeo pedindo à presidente Dilma que interceda para que o governo cubano lhe dê autorização para vir ao Brasil. E o senador petista Eduardo Suplicy tem feito gestões públicas para a blogueira possa vir à Bahia para o lançamento de um documentário em que é personagem.
No Itamaraty, não oficialmente, há a suspeita de que a movimentação em torno da vinda de Yoani está sendo feita por setores interessados em prejudicar a visita de Dilma a Raúl Castro, colocando-se na pauta da mídia um tema político que possa constranger os cubanos e reduzir o impacto dos pontos econômicos e comerciais da viagem. E Suplicy faz seu papel porque quer aparecer na mídia. É possível, pois qualquer um que conhece o jeito cubano de enfrentar situações adversas sabe que esse tipo de pressão é o mais contraproducente possível caso o objetivo fosse realmente trazer Yoani à Bahia.
Para o governo cubano, Yoani, jovem, bonita e fluente, é sustentada financeiramente pelos Estados Unidos para ser a mais influente opositora do regime, utilizando-se das redes sociais para disseminar pelo mundo posições contrárias ao regime – embora, em Cuba, sua repercussão seja quase nula. Uma das maneiras de remunerá-la, segundo os cubanos, é a concessão de prêmios patrocinados por instituições contrárias a Cuba. O embaixador de Cuba em Brasília, Carlos Zamora, assegura que oficialmente não foi apresentado ao consulado o documento básico para iniciar os trâmites para a viagem: uma carta-convite formal a Yoani.
O presidente cubano Raúl Castro já anunciou, em diversas ocasiões, que haverá mudanças na legislação que regula as viagens de cubanos ao exterior, abrandando-se as exigências. O tema, porém, está associado a outra questão delicada: a política dos Estados Unidos em relação à imigração de cubanos para aquele país. Cuba acusa os Estados Unidos de negarem vistos de entrada a cubanos, ao mesmo tempo em que os incentivam a sair ilegalmente do país.
Em 2010, Yoani deu uma entrevista ao jornalista francês Salim Lamnarium, que conhece bem a história e a situação de Cuba. É na verdade um diálogo dele com a blogueira, em que ela se vê contestada e acaba caindo em contradições e demonstrando desconhecimento sobre questões simples. Reproduzo o longo texto, já que a web permite, para que cada um faça seu juízo. A propósito, as fotos sobre o alegado sequestro de Yoani nunca foram mostradas.
A entrevista:
Yoani Sánchez é a nova personalidade da oposição cubana. Desde a criação de seu blog, Generación Y, em 2007, obteve inúmeros prêmios internacionais: o prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset (2008), o prêmio Bitacoras.com (2008), o prêmio The Bob's (2008), o prêmio Maria Moors Cabot (2008) da prestigiada universidade norte-americana de Columbia. Do mesmo modo, a blogueira foi escolhida como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo pela revista Time (2008), em companhia de George W. Bush, de Hu Jintao e do Dalai Lama.
Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores do mundo do canal CNN e da Time (2008). Em 30 de novembro de 2008, o diário espanhol El País a incluiu na lista das 100 personalidades hispano-americanas mais influentes do ano (lista na qual não apareciam nem Fidel Castro, nem Raúl Castro). A revista Foreign Policy, por sua vez, a considerou um dos 10 intelectuais mais importantes do ano, enquanto a revista mexicana Gato Pardo fez o mesmo para 2008.
Esta impressionante avalanche de distinções simultâneas suscitou numerosas interrogações, ainda mais considerando que Yoani Sánchez, segundo suas próprias confissões, é uma total desconhecida em seu próprio país. Como uma pessoa desconhecida por seus vizinhos - segundo a própria blogueira - pode integrar a lista das 100 personalidades mais influentes do ano?
Um diplomata ocidental próximo desta atípica opositora do governo de Havana havia lido uma série de artigos que escrevi sobre Yoani Sánchez e que eram relativamente críticos. Ele os mostrou à blogueira cubana, que quis reunir-se comigo para esclarecer alguns pontos abordados.
O encontro com a jovem dissidente de fama controvertida não ocorreu em algum apartamento escuro, com as janelas fechadas, ou em um lugar isolado e recluso para escapar aos ouvidos indiscretos da "polícia política". Ao contrário, aconteceu no saguão do Hotel Plaza, no centro de Havana Velha, em uma tarde inundada de sol. O local estava bem movimentado, com numerosos turistas estrangeiros que perambulavam pelo imenso salão do edifício majestoso que abriu suas portas no início do século XX.
Yoani Sánchez vive perto das embaixadas ocidentais. De fato, uma simples chamada de meu contato ao meio-dia permitiu que combinássemos o encontro para três horas depois. Às 15h, a blogueira apareceu sorridente, vestida com uma saia longa e uma camiseta azul. Também usava uma jaqueta esportiva, para amenizar o relativo frescor do inverno havanês.
Foram cerca de duas horas de conversa ao redor de uma mesa do bar do hotel, com a presença de seu marido, Reinaldo Escobar, que a acompanhou durante uns vinte minutos antes de sair para outro encontro. Yoani Sánchez mostrou-se extremamente cordial e afável e exibiu grande tranquilidade. Seu tom de voz era seguro e em nenhum momento ela pareceu incomodada. Acostumada aos meios ocidentais, domina relativamente bem a arte da comunicação.
Esta blogueira, personagem de aparência frágil, inteligente e sagaz, tem consciência de que, embora lhe seja difícil admitir, sua midiatização no Ocidente não é uma causalidade, mas se deve ao fato de ela preconizar a instauração de um "capitalismo sui generis" em Cuba.
O incidente de 6 de novembro de 2009
Salim Lamrani - Comecemos pelo incidente ocorrido em 6 de novembro de 2009 em Havana. Em seu blog, a senhora explicou que foi presa com três amigos por "três robustos desconhecidos" durante uma "tarde carregada de pancadas, gritos e insultos". A senhora denunciou as violências de que foi vítima por parte das forças da ordem cubanas. Confirma sua versão dos fatos?
Yoani Sánchez - Efetivamente, confirmo que sofri violência. Mantiveram-me sequestrada por 25 minutos. Levei pancadas. Consegui pegar um papel que um deles levava no bolso e o coloquei em minha boca. Um deles pôs o joelho sobre meu peito e o outro, no assento dianteiro, me batia na região dos rins e golpeava minha cabeça para que eu abrisse a boca e soltasse o papel. Por um momento, achei que nunca sairia daquele carro.
SL - O relato, em seu blog, é verdadeiramente de terror. Cito textualmente: a senhora falou de "golpes e empurrões", de "golpes com os nós dos dedos", de "enxurrada de golpes", do "joelho sobre o [seu] peito", dos golpes nos "rins e [...] na cabeça", do "cabelo puxado", de seu "rosto avermelhado pela pressão e o corpo dolorido", dos "golpes [que] continuavam vindo" e "todas essas marcas roxas". No entanto, quando a senhora recebeu a imprensa internacional, em 9 de novembro, todas as marcas haviam desaparecido. Como explica isso?
YS - São profissionais do espancamento.
SL - Certo, mas por que a senhora não tirou fotos das marcas?
YS - Tenho as fotos. Tenho provas fotográficas.
SL - Tem provas fotográficas?
YS - Tenho as provas fotográficas.
SL - Mas por que não as publicou para desmentir todos os rumores segundo os quais a senhora havia inventado uma agressão para que a imprensa falasse de seu caso?
YS - Por enquanto prefiro guardá-las e não publicá-las. Quero apresentá-las um dia perante um tribunal, para que esses três homens sejam julgados. Lembro-me perfeitamente de seus rostos e tenho fotos de pelo menos dois deles. Quanto ao terceiro, ainda não está identificado, mas, como se tratava do chefe, será fácil de encontrar. Tenho também o papel que tirei de um deles e que tem minha saliva, pois o coloquei na boca. Neste papel estava escrito o nome de uma mulher.
SL - Certo. A senhora publica muitas fotos em seu blog. Para nós é difícil entender por que prefere não mostrar as marcas desta vez.
YS - Como já lhe disse, prefiro guardá-las para a Justiça.
SL - A senhora entende que, com essa atitude, está dando crédito aos que pensam que a agressão foi uma invenção.
YS - É minha escolha.
SL - No entanto, até mesmo os meios ocidentais que lhe são mais favoráveis tomaram precauções pouco habituais para divulgar seu relato. O correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg, por exemplo, escreve que a senhora "não tem hematomas, marcas ou cicatrizes". A agência France Presse conta a história esclarecendo com muito cuidado que se trata de sua versão, sob o título "Cuba: a blogueira Yoani Sánchez diz ter sido agredida e detida brevemente". O jornalista afirma, por outro lado, que a senhora "não ficou ferida".
YS - Não quero avaliar o trabalho deles. Não sou eu quem deve julgá-lo. São profissionais que passam por situações muito complicadas, que não posso avaliar. O certo é que a existência ou não de marcas físicas não é a prova do fato.
SL - Mas a presença de marcas demonstraria que foram cometidas violências. Daí a importância de publicar as fotos.
YS - O senhor deve entender que tratamos de profissionais da intimidação. O fato de três desconhecidos terem me levado até um carro sem me apresentar nenhum documento me dá o direito de me queixar como se tivessem fraturado todos os ossos do corpo. As fotos não são importantes porque a ilegalidade está consumada. A precisão de que "me doeu aqui ou me doeu ali" é minha dor interior.
SL - Sim, mas o problema é que a senhora apresentou isso como uma agressão muito violenta. A senhora falou de "sequestro no pior estilo da Camorra siciliana".
YS - Sim, é verdade, mas sei que é minha palavra contra a deles. Entrar nesse tipo de detalhes, para saber se tenho marcas ou não, nos afasta do tema verdadeiro, que é o fato de me terem sequestrado durante 25 minutos de maneira ilegal.
SL - Perdoe-me a insistência, mas creio que é importante. Há uma diferença entre um controle de identidade que dura 25 minutos e violências policiais. Minha pergunta é simples. A senhora disse, textualmente: "Durante todo o fim de semana fiquei com a maçã do rosto e o supercílio inflamados." Como tem as fotos, pode agora mostrar as marcas.
YS - Já lhe disse que prefiro guardá-las para o tribunal.
SL - A senhora entende que, para algumas pessoas, será difícil acreditar em sua versão se a senhora não publicar as fotos?
YS - Penso que, entrando nesse tipo de detalhes, perde-se a essência. A essência é que três bloggers acompanhados por uma amiga dirigiam-se a um ponto da cidade que era a Rua 23, esquina com G. Tínhamos ouvido falar que um grupo de jovens convocara uma passeata contra a violência. Pessoas alternativas, cantores de hip hop, de rap, artistas. Eu compareceria como blogueira para tirar fotos e publicá-las em meu blog e fazer entrevistas. No caminho, fomos interceptados por um carro da marca Geely.
SL - Para impedi-los de participar do evento?
YS - A razão, evidentemente, era esta. Eles nunca me disseram formalmente, mas era o objetivo. Disseram-me que entrasse no carro. Perguntei quem eles eram. Um deles me pegou pelo pulso e comecei a ir para trás. Isso aconteceu em uma zona bastante central de Havana, em um ponto de ônibus.
SL - Então havia outras pessoas. Havia testemunhas.
YS - Há testemunhas, mas não querem falar. Têm medo.
SL - Nem mesmo de modo anônimo? Por que a imprensa ocidental não as entrevistou preservando seu anonimato, como faz muitas vezes quando publica reportagens críticas sobre Cuba?
YS - Não posso lhe explicar a reação da imprensa. Posso lhe contar o que aconteceu. Um deles era um homem de uns cinquenta anos, musculoso como se tivesse praticado luta livre em algum momento da vida. Digo-lhe isso porque meu pai praticou esse esporte e tem as mesmas características. Tenho os pulsos muito finos e consegui escapar, e lhe perguntei quem era. Havia três homens além do motorista.
SL - Então havia quatro homens no total, e não três.
YS - Sim, mas não vi o rosto do motorista. Disseram-me: "Yoani, entre no carro, você sabe quem somos." Respondi: "Não sei quem são os senhores." O mais baixo me disse: "Escute-me, você sabe quem sou, você me conhece." Retruquei: "Não, não sei quem é você. Não o conheço. Quem é você? Mostre-me suas credenciais ou algum documento." O outro me disse: "Entre, não torne as coisas mais difíceis." Então comecei a gritar: "Socorro! Sequestradores!"
SL - A senhora sabia que se tratava de policiais à paisana?
YS - Imaginava, mas eles não me mostraram seus documentos.
SL - Qual era seu objetivo, então?
YS - Queria que as coisas fossem feitas dentro da legalidade, ou seja, que me mostrassem seus documentos e me levassem depois, embora eu suspeitasse que eles representassem a autoridade. Ninguém pode obrigar um cidadão a entrar em um carro particular sem apresentar suas credenciais. Isso é uma ilegalidade e um sequestro.
SL - Como as pessoas no ponto de ônibus reagiram?
YS - As pessoas no ponto ficaram atônitas, pois "sequestro" não é uma palavra que se usa em Cuba, não existe esse fenômeno. Então se perguntaram o que estava acontecendo. Não tínhamos jeito de delinquentes. Alguns se aproximaram, mas um dos policiais lhes gritou: "Não se metam, que são contrarrevolucionários!" Esta foi a confirmação de que se tratava de membros da polícia política, embora eu já imaginasse por causa do carro Geely, que é chinês, de fabricação atual, e não é vendido em nenhuma loja em Cuba. Esses carros pertencem exclusivamente a membros do Ministério das Forças Armadas e do Ministério do Interior.
SL - Então a senhora sabia desde o início, pelo carro, que se tratava de policiais à paisana.
YS - Intuía. Por outro lado, tive a confirmação quando um deles chamou um policial uniformizado. Uma patrulha formada por um homem e uma mulher chegou e levou dois de nós. Deixou-nos nas mãos desses dois desconhecidos.
SL - Mas a senhora já não tinha a menor dúvida sobre quem eles eram.
YS - Não, mas não nos mostraram nenhum documento. Os policiais não nos disseram que representavam a autoridade. Não nos disseram nada.
SL - É difícil entender o interesse das autoridades cubanas em agredi-la fisicamente, sob o risco de provocar um escândalo internacional. A senhora é famosa. Por que teriam feito isso?
YS - Seu objetivo era radicalizar-me, para que eu escrevesse textos violentos contra eles. Mas não conseguirão.
SL - Não se pode dizer que a senhora é branda com o governo cubano.
YS - Nunca recorro à violência verbal nem a ataques pessoais. Nunca uso adjetivos incendiários, como "sangrenta repressão", por exemplo. Seu objetivo, então, era radicalizar-me.
SL - No entanto, a senhora é muito dura em relação ao governo de Havana. Em seu blog, a senhora diz: "O barco que faz água a ponto de naufragar". A senhora fala dos "gritos do déspota", de "seres das sombras, que, como vampiros, se alimentam de nossa alegria humana, nos incutem o medo por meio da agressão, da ameaça, da chantagem", e afirma que "naufragaram o processo, o sistema, as expectativas, as ilusões. [É um] naufrágio [total]". São palavras muito fortes.
YS - Talvez, mas o objetivo deles era queimar o fenômeno Yoani Sánchez, demonizar-me. Por isso meu blog permaneceu bloqueado por um bom tempo.
SL - Contudo, é surpreendente que as autoridades cubanas tenham decidido atacá-la fisicamente.
YS - Foi uma torpeza. Não entendo por que me impediram de assistir à passeata, pois não penso como aqueles que reprimem. Não tenho explicação. Talvez eles não quisessem que eu me reunisse com os jovens. Os policiais acreditavam que eu iria provocar um escândalo ou fazer um discurso incendiário. Voltando ao assunto da detenção, os policiais levaram meus amigos de maneira enérgica e firme, mas sem violência. No momento em que me dei conta de que iriam nos deixar sozinhos com Orlando, com esses três tipos, agarrei-me a uma planta que havia na rua e Claudia agarrou-se a mim pela cintura para impedir a separação, antes de os policiais a levarem.
SL - Para que resistir às forças da ordem uniformizadas e correr o risco de ser acusada disso e cometer um delito? Na França, se resistimos à polícia, corremos o risco de sofrer sanções.
YS - De qualquer modo, eles nos levaram. A policial levou Claudia. As três pessoas nos levaram até o carro e comecei a gritar de novo: "Socorro! Um sequestro!"
SL - Por quê? A senhora sabia que se tratava de policiais à paisana.
YS - Não me mostraram nenhum papel. Então começaram a me bater e me empurraram em direção ao carro. Claudia foi testemunha e relatou isso.
SL - A senhora não acaba de me dizer que a patrulha a havia levado?
YS - Ela viu a cena de longe, enquanto o carro de polícia se afastava. Defendi-me e golpeei como um animal que sente que sua hora chegou. Deram uma volta rápida e tentaram tirar-me o papel da boca. Agarrei um deles pelos testículos e ele redobrou a violência. Levaram-nos a um bairro bem periférico, La Timba, que fica perto da Praça da Revolução. O homem desceu, abriu a porta e pediu que saíssemos. Eu não quis descer. Eles nos fizeram sair à força com Orlando e foram embora. Uma senhora chegou e dissemos que havíamos sido sequestrados. Ela nos achou malucos e se foi. O carro voltou, mas não parou. Eles só me jogaram minha bolsa, onde estavam meu celular e minha câmera.
SL - Voltaram para devolver seu celular e sua câmera?
YS - Sim.
SL - Não lhe parece estranho que se preocupassem em voltar? Poderiam ter confiscado seu celular e sua câmera, que são suas ferramentas de trabalho.
YS - Bem, não sei. Tudo durou 25 minutos.
SL - Mas a senhora entende que, enquanto não publicar as fotos, as pessoas duvidarão de sua versão, e isso lançará uma sombra sobre a credibilidade de tudo o que a senhora diz.
YS - Não importa.
A Suíça e o retorno a Cuba
SL - Em 2002, a senhora decidiu emigrar para a Suíça. Dois anos depois, voltou a Cuba. É difícil entender por que a senhora deixou o "paraíso europeu" para regressar ao país que descreve como um inferno. A pergunta é simples: por quê?
YS - É uma ótima pergunta. Primeiro, gosto de nadar contra a corrente. Gosto de organizar minha vida à minha maneira. O absurdo não é ir embora e voltar a Cuba, e sim as leis migratórias cubanas, que estipulam que toda pessoa que passa onze meses no exterior perde seu status de residente permanente. Em outras condições eu poderia permanecer dois anos no exterior e, com o dinheiro ganho, voltar a Cuba para reformar a casa e fazer outras coisas. Então o surpreendente não é o fato de eu decidir voltar a Cuba, e sim as leis migratórias cubanas.
SL - O mais surpreendente é que, tendo a possibilidade de viver em um dos países mais ricos do mundo, a senhora tenha decidido voltar a seu país, que descreve de modo apocalíptico, apenas dois anos depois de sua saída.
YS - As razões são várias. Primeiro, não pude ir embora com minha família. Somos uma pequena família, mas minha irmã, meus pais e eu somos muito unidos. Meu pai ficou doente em minha ausência e tive medo de que ele morresse sem que eu pudesse vê-lo. Também me sentia culpada por viver melhor do que eles. A cada vez que comprava um par de sapatos, que me conectava à internet, pensava neles. Sentia-me culpada.
SL - Certo, mas, da Suíça, a senhora podia ajudá-los enviando dinheiro.
YS - É verdade, mas há outro motivo. Pensei que, com o que havia aprendido na Suíça, poderia mudar as coisas voltando a Cuba. Há também a saudade das pessoas, dos amigos. Não foi uma decisão pensada, mas não me arrependo. Tinha vontade de voltar e voltei. É verdade que isso pode parecer pouco comum, mas gosto de fazer coisas incomuns. Criei um blog e as pessoas me perguntaram por que eu fiz isso, mas o blog me satisfaz profissionalmente.
SL - Entendo. No entanto, apesar de todas essas razões, é difícil entender o motivo de seu regresso a Cuba quando no Ocidente se acredita que todos os cubanos querem abandonar o país. É ainda mais surpreendente em seu caso, pois a senhora apresenta seu país, repito, de modo apocalíptico.
YS - Como filóloga, eu discutiria a palavra, pois "apocalíptico" é um termo grandiloquente. Há um aspecto que caracteriza meu blog: a moderação verbal.
SL - Não é sempre assim. A senhora, por exemplo, descreve Cuba como "uma imensa prisão, com muros ideológicos". Os termos são bastante fortes.
YS - Nunca escrevi isso.
SL - São as palavras de uma entrevista concedida ao canal francês France 24 em 22 de outubro de 2009.
YS - O senhor leu isso em francês ou em espanhol?
SL - Em francês.
YS - Desconfie das traduções, pois eu nunca disse isso. Com frequência me atribuem coisas que eu não disse. Por exemplo, o jornal espanhol ABC me atribuiu palavras que eu nunca havia pronunciado, e protestei. O artigo foi finalmente retirado do site na internet.
SL - Quais eram essas palavras?
YS - "Nos hospitais cubanos, morre mais gente de fome do que de enfermidades." Era uma mentira total. Eu jamais havia dito isso.
SL - Então a imprensa ocidental manipulou o que a senhora disse?
YS - Eu não diria isso.
SL - Se lhe atribuem palavras que a senhora não pronunciou, trata-se de manipulação.
YS - O Granma [jornal do Partido Comunista de Cuba]manipula a realidade mais do que a imprensa ocidental ao afirmar que sou uma criação do grupo midiático Prisa [grupo espanhol que edita El País].
SL - Justamente, a senhora não tem a impressão de que a imprensa ocidental a usa porque a senhora preconiza um "capitalismo sui generis" em Cuba?
YS - Não sou responsável pelo que a imprensa faz. Meu blog é uma terapia pessoal, um exorcismo. Tenho a impressão de que sou mais manipulada em meu próprio país do que em outra parte. O senhor sabe que existe uma lei em Cuba, a lei 88, chamada lei da "mordaça", que põe na cadeia as pessoas que fazem o que estamos fazendo.
SL - O que isso quer dizer?
YS - Que nossa conversa pode ser considerada um delito, que pode ser punido com uma pena de até 15 anos de prisão.
SL - Perdoe-me, o fato de eu entrevistá-la pode levá-la para a cadeia?
YS - É claro!
SL - Não tenho a impressão de que isso a preocupe muito, pois a senhora está me concedendo uma entrevista em plena tarde, no saguão de um hotel no centro de Havana Velha.
YS - Não estou preocupada. Esta lei estipula que toda pessoa que denuncie as violações dos direitos humanos em Cuba colabora com as sanções econômicas, pois Washington justifica a imposição das sanções contra Cuba pela violação dos direitos humanos.
SL - Se não me engano, a lei 88 foi aprovada em 1996 para responder à Lei-Helms Burton e sanciona, sobretudo, as pessoas que colaboram com a aplicação desta legislação em Cuba. Por exemplo, fornecendo informações a Washington sobre os investidores estrangeiros no país, para que sejam perseguidos pelos tribunais norte-americanos. Que eu saiba, ninguém até agora foi condenado por isso. Falemos de liberdade de expressão. A senhora goza de certa liberdade de tom em seu blog. Está sendo entrevistada em plena tarde em um hotel. Não vê uma contradição entre o fato de afirmar que não há nenhuma liberdade de expressão em Cuba e a realidade de seus escritos e suas atividades, que provam o contrário?
YS - Sim, mas o blog não pode ser acessado em Cuba, porque está bloqueado.
SL - Posso lhe assegurar que o consultei esta manhã antes da entrevista, no hotel.
YS - É possível, mas ele permanece bloqueado a maior parte do tempo. De todo modo, hoje em dia, mesmo sendo uma pessoa moderada, não posso ter nenhum espaço na imprensa cubana, nem no rádio, nem na televisão.
SL - Mas pode publicar o que tem vontade em seu blog.
YS - Mas não posso publicar uma única palavra na imprensa cubana.
SL - Na França, que é uma democracia, amplos setores da população não têm nenhum espaço nos meios, já que a maioria pertence a grupos econômicos e financeiros privados.
YS - Sim, mas é diferente.
SL - A senhora recebeu ameaças por suas atividades? Alguma vez a ameaçaram com uma pena de prisão pelo que escreve?
YS - Ameaças diretas de pena de prisão, não, mas não me deixam viajar ao exterior. Fui convidada há pouco para um congresso sobre a língua espanhola no Chile, fiz todos os trâmites, mas não me deixam sair.
SL - Deram-lhe alguma explicação?
YS - Nenhuma, mas quero dizer uma coisa. Para mim, as sanções dos Estados Unidos contra Cuba são uma atrocidade. Trata-se de uma política que fracassou. Afirmei isso muitas vezes, mas não se publica, pois é incômodo o fato de eu ter esta opinião que rompe com o arquétipo do opositor.
As sanções econômicas
SL - Então a senhora se opõe às sanções econômicas.
YS - Absolutamente, e digo isso em todas as entrevistas. Há algumas semanas, enviei uma carta ao Senado dos Estados Unidos pedindo que os cidadãos norte-americanos tivessem permissão para viajar a Cuba. É uma atrocidade impedir que os cidadãos norte-americanos viajem a Cuba, do mesmo modo que o governo cubano me impede de sair de meu país.
SL - O que acha das esperanças suscitadas pela eleição de Obama, que prometeu uma mudança na política para Cuba, mas decepcionou muita gente?
YS - Ele chegou ao poder sem o apoio do lobby fundamentalista de Miami, que defendeu o outro candidato. De minha parte, já me pronunciei contra as sanções.
SL - Este lobby fundamentalista é contra a suspensão das sanções econômicas.
YS - O senhor pode discutir com eles e lhes expor meus argumentos, mas eu não diria que são inimigos da pátria. Não penso assim.
SL - Uma parte deles participou da invasão de seu próprio país em 1961, sob as ordens da CIA. Vários estão envolvidos em atos de terrorismo contra Cuba.
YS - Os cubanos no exílio têm o direito de pensar e decidir. Sou a favor de que eles tenham direito ao voto. Aqui, estigmatizou-se muito o exílio cubano.
SL - O exílio "histórico" ou os que emigraram depois, por razões econômicas?
YS - Na verdade, oponho-me a todos os extremos. Mas essas pessoas que defendem as sanções econômicas não são anticubanas. Considere que elas defendem Cuba segundo seus próprios critérios.
SL - Talvez, mas as sanções econômicas afetam os setores mais vulneráveis da população cubana, e não os dirigentes. Por isso é difícil ser a favor das sanções e, ao mesmo tempo, querer defender o bem-estar dos cubanos.
YS - É a opinião deles. É assim.
SL - Eles não são ingênuos. Sabem que os cubanos sofrem com as sanções.
YS - São simplesmente diferentes. Acreditam que poderão mudar o regime impondo sanções. Em todo caso, creio que o bloqueio tem sido o argumento perfeito para o governo cubano manter a intolerância, o controle e a repressão interna.
SL - As sanções econômicas têm efeitos. Ou a senhora acha que são apenas uma desculpa para Havana?
YS - São uma desculpa que leva à repressão.
SL - Afetam o país de um ponto de vista econômico, para a senhora? Ou é apenas um efeito marginal?
YS - O verdadeiro problema é a falta de produtividade em Cuba. Se amanhã suspendessem as sanções, duvido muito que víssemos os efeitos.
SL - Neste caso, por que os Estados Unidos não suspendem as sanções, tirando assim a desculpa do governo? Assim perceberíamos que as dificuldades econômicas devem-se apenas às políticas internas. Se Washington insiste tanto nas sanções apesar de seu caráter anacrônico, apesar da oposição da imensa maioria da comunidade internacional -- 187 países em 2009 --, apesar da oposição de uma maioria da opinião pública dos Estados Unidos, apesar da oposição do mundo dos negócios, deve ser por algum motivo, não?
YS - Simplesmente porque Obama não é o ditador dos Estados Unidos e não pode eliminar as sanções.
SL - Ele não pode eliminá-las totalmente porque não há um acordo no Congresso, mas pode aliviá-las consideravelmente, o que não fez até agora, já que, salvo a eliminação das sanções impostas por Bush em 2004, quase nada mudou.
YS - Não, não é verdade, pois ele também permitiu que as empresas de telecomunicações norte-americanas fizessem transações com Cuba.
Os prêmios internacionais, o blog e Barack Obama
SL - A senhora terá de admitir que é bem pouco, quando se sabe que Obama prometeu um novo enfoque para Cuba. Voltemos a seu caso pessoal. Como explica esta avalanche de prêmios, assim como seu sucesso internacional?
YS - Não tenho muito a dizer, a não ser expressar minha gratidão. Todo prêmio implica uma dose de subjetividade por parte do jurado. Todo prêmio é discutível. Por exemplo, muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez.
SL - A senhora afirma isso porque acredita que ele não tem tanto talento ou por sua posição favorável à Revolução cubana? A senhora não nega seu talento de escritor, ou nega?
YS - É minha opinião, mas não direi que ele obteve o prêmio por esse motivo nem vou acusá-lo de ser um agente do governo sueco.
SL - Ele obteve o prêmio por sua obra literária, enquanto a senhora foi recompensada por suas posições políticas contra o governo. É a impressão que temos.
YS - Falemos do prêmio Ortega y Gasset, do jornal El País, que suscita mais polêmica. Venci na categoria "Internet". Alguns dizem que outros jornalistas não conseguiram, mas sou uma blogueira e sou pioneira neste campo. Considero-me uma personagem da internet. O júri do prêmio Ortega y Gasset é formado por personalidades extremamente prestigiadas e eu não diria que elas se prestaram a uma conspiração contra Cuba.
SL - A senhora não pode negar que o jornal espanhol El País tem uma linha editorial totalmente hostil a Cuba. E alguns acham que o prêmio, de 15 mil euros, foi uma forma de recompensar seus escritos contra o governo.
YS - As pessoas pensam o que querem. Acredito que meu trabalho foi recompensado. Meu blog tem 10 milhões de visitas por mês. É um furacão.
SL - Como a senhora faz para pagar os gastos com a administração de semelhante tráfego?
YS - Um amigo na Alemanha se encarregava disso, pois o site estava hospedado na Alemanha. Há mais de um ano está hospedado na Espanha, e consegui 18 meses gratuitos graças ao prêmio The Bob's.
SL - E a tradução para 18 línguas?
YS - São amigos e admiradores que o fazem voluntária e gratuitamente.
SL - Muitas pessoas acham difícil acreditar nisso, pois nenhum outro site do mundo, nem mesmo os das mais importantes instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, a União Europeia, dispõem de tantas versões de idioma. Nem o site do Departamento de Estado dos EUA, nem o da CIA, contam com semelhante variedade.
YS - Digo-lhe a verdade.
SL - O presidente Obama inclusive respondeu a uma entrevista que a senhora fez. Como explica isso?
YS - Em primeiro lugar, quero dizer que não eram perguntas complacentes.
SL - Tampouco podemos afirmar que a senhora foi crítica, já que não pediu que ele suspendesse as sanções econômicas, sobre as quais a senhora diz que "são usadas como justificativa tanto para o descalabro produtivo quanto para reprimir os que pensam diferente". É exatamente o que diz Washington sobre o tema. O momento de maior atrevimento foi quando a senhora perguntou se ele pensava em invadir Cuba. Como a senhora explica que o presidente Obama tenha dedicado tempo a lhe responder apesar de sua agenda extremamente carregada, com uma crise econômica sem precedentes, a reforma do sistema de saúde, o Iraque, o Afeganistão, as bases militares na Colômbia, o golpe de Estado em Honduras e centenas de pedidos de entrevista dos mais importantes meios do mundo à espera?
YS - Tenho sorte. Quero lhe dizer que também enviei perguntas ao presidente Raúl Castro e ele não me respondeu. Não perco a esperança. Além disso, ele agora tem a vantagem de contar com as respostas de Obama.
SL - Como a senhora chegou até Obama?
YS - Transmiti as perguntas a várias pessoas que vinham me visitar e poderiam ter um contato com ele.
SL - Em sua opinião, Obama respondeu porque a senhora é uma blogueira cubana ou porque se opõe ao governo?
YS - Não creio. Obama respondeu porque fala com os cidadãos.
SL - Ele recebe milhões de solicitações a cada dia. Por que lhe respondeu, se a senhora é uma simples blogueira?
YS - Obama é próximo de minha geração, de meu modo de pensar.
SL - Mas por que a senhora? Existem milhões de blogueiros no mundo. Não acha que foi usada na guerra midiática de Washington contra Havana?
YS - Em minha opinião, ele talvez quisesse responder a alguns pontos, como a invasão de Cuba. Talvez eu tenha lhe dado a oportunidade de se manifestar sobre um tema que ele queria abordar havia muito tempo. A propaganda política nos fala constantemente de uma possível invasão de Cuba.
SL - Mas ocorreu uma, não?
YS - Quando?
SL - Em 1961. E, em 2003, Roger Noriega, subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, disse que qualquer onda migratória cubana em direção aos Estados Unidos seria considerada uma ameaça à segurança nacional e exigiria uma resposta militar.
YS - É outro assunto. Voltando ao tema da entrevista, creio que ela permitiu esclarecer alguns pontos. Tenho a impressão de que há uma intenção de ambos os lados de não normalizar as relações, de não se entender. Perguntei-lhe quando encontraríamos uma solução.
SL - A seu ver, quem é responsável por este conflito entre os dois países?
YS - É difícil apontar um culpado.
SL - Neste caso específico, são os Estados Unidos que impõem sanções unilaterais a Cuba, e não o contrário.
YS - Sim, mas Cuba confiscou propriedades dos Estados Unidos.
SL - Tenho a impressão de que a senhora faz o papel de advogada de Washington.
YS - Os confiscos ocorreram.
SL - É verdade, mas foram realizados conforme o direito internacional. Cuba também confiscou propriedades da França, Espanha, Itália, Bélgica, Reino Unido, e indenizou estas nações. O único país que recusou as indenizações foram os Estados Unidos.
YS - Cuba também permitiu a instalação de bases militares em seu território e de mísseis de um império distante...
SL - Como os Estados Unidos instalaram bases nucleares contra a URSS na Itália e na Turquia.
YS - Os mísseis nucleares podiam alcançar os Estados Unidos.
SL - Assim como os mísseis nucleares norte-americanos podiam alcançar Cuba ou a URSS.
YS - É verdade, mas creio que houve uma escalada no confronto por parte de ambos os países.
Os cinco presos políticos cubanos e a dissidência
SL - Abordemos outro tema. Fala-se muito dos cinco presos políticos cubanos nos Estados Unidos, alguns condenados à prisão perpétua por se infiltrarem em grupelhos de extrema direita na Flórida envolvidos no terrorismo contra Cuba.
YS - Não é um tema que interesse à população. É propaganda política.
SL - Mas qual é seu ponto de vista a respeito?
YS - Tentarei ser o mais neutra possível. São agentes do Ministério do Interior que se infiltraram nos Estados Unidos para coletar informações. O governo de Cuba disse que eles não desempenhavam atividades de espionagem, mas, sim, que haviam se infiltrado em grupos cubanos para evitar atos terroristas. Mas o governo cubano sempre afirmou que esses grupos estavam ligados a Washington.
SL - Então os grupos radicais de exilados têm laços com o governo dos Estados Unidos?
YS - É o que diz a propaganda política.
SL - Então não é verdade.
YS - Se é verdade, significa que os cinco realizavam atividades de espionagem.
SL - Neste caso, os Estados Unidos têm de reconhecer que os grupos violentos fazem parte do governo.
YS - É verdade.
SL - A senhora acha que os cinco devem ser libertados ou merecem a punição?
YS - Creio que valeria a pena revisar os casos, mas em um contexto político mais apaziguado. Não acho que o uso político deste caso seja bom para eles. O governo cubano midiatiza demais este assunto.
SL - Talvez por ser um assunto totalmente censurado pela imprensa ocidental.
YS - Creio que seria bom salvar essas pessoas, que são seres humanos, têm uma família, filhos. Por outro lado, contudo, também há vítimas.
SL - Mas os cinco não cometeram crimes.
YS - Não, mas forneceram informações que causaram a morte de várias pessoas.
SL - A senhora se refere aos acontecimentos de 24 de fevereiro de 1996, quando dois aviões da organização radical Brothers to the Rescue foram derrubados depois de violar várias vezes o espaço aéreo cubano e lançar convocações à rebelião.
YS - Sim.
SL - No entanto, o promotor reconheceu que era impossível provar a culpa de Gerardo Hernández [um dos cinco, condenado a duas prisões perpétuas mais 15 anos] neste caso.
YS - É verdade. Penso que, quando a política se intromete em assuntos de justiça, chegamos a isso.
SL - A senhora acha que se trata de um caso político?
YS - Para o governo cubano, é um caso político.
SL - E para os Estados Unidos?
YS - Penso que existe uma separação dos poderes no país, mas é possível que o ambiente político tenha influenciado os juízes e jurados. Não creio, no entanto, que se trate de um caso político dirigido por Washington. É difícil ter uma imagem clara deste caso, pois jamais obtivemos uma informação completa a respeito. Mas a prioridade para os cubanos é a libertação dos presos políticos.
O financiamento dos dissidentes cubanos
SL - Wayne S. Smith, último embaixador dos Estados Unidos em Cuba, declarou que era "ilegal e imprudente enviar dinheiro aos dissidentes cubanos". Acrescentou que "ninguém deveria dar dinheiro aos dissidentes, muito menos com o objetivo de derrubar o governo cubano". Ele explica: "Quando os Estados Unidos declaram que seu objetivo é derrubar o governo cubano e depois afirmam que um dos meios para conseguir isso é oferecer fundos aos dissidentes cubanos, estes se encontram de fato na posição de agentes pagos por uma potência estrangeira para derrubar seu próprio governo".
YS - Creio que o financiamento da oposição pelos Estados Unidos tem sido apresentado como uma realidade, o que não é o caso. Conheço vários membros do grupo dos 75 dissidentes presos em 2003 e duvido muito dessa versão. Não tenho provas de que os 75 tenham sido presos por isso. Não acredito nas provas apresentadas nos tribunais cubanos.
SL - Não creio que seja possível ignorar esta realidade.
YS - Por quê?
SL - O próprio governo dos Estados Unidos afirma que financia a oposição interna desde 1959. Basta consultar, além dos arquivos liberados ao público, a seção 1.705 da lei Torricelli, de 1992, a seção 109 da lei Helms-Burton, de 1996, e os dois informes da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre, de maio de 2004 e julho de 2006. Todos esses documentos revelam que o presidente dos Estados Unidos financia a oposição interna em Cuba com o objetivo de derrubar o governo de Havana.
YS: Não sei, mas...
SL - Se me permite, vou citar as leis em questão. A seção 1.705 da lei Torricelli estipula que "os Estados Unidos proporcionarão assistência às organizações não governamentais adequadas para apoiar indivíduos e organizações que promovem uma mudança democrática não violenta em Cuba." A seção 109 da lei Helms-Burton também é muito clara: "O presidente [dos Estados Unidos] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes para unir os esforços a fim de construir uma democracia em Cuba". O primeiro informe da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre prevê a elaboração de um "sólido programa de apoio que favoreça a sociedade civil cubana". Entre as medidas previstas há um financiamento de 36 milhões de dólares para o "apoio à oposição democrática e ao fortalecimento da sociedade civil emergente". O segundo informe da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre prevê um orçamento de 31 milhões de dólares para financiar ainda mais a oposição interna. Além disso, está previsto para os anos seguintes um financiamento anual de pelo menos 20 milhões de dólares, com o mesmo objetivo, "até que a ditadura deixe de existir".
YS - Quem lhe disse que esse dinheiro chegou às mãos dos dissidentes?
SL - A Seção de Interesses norte-americanos afirmou em um comunicado: "A política norte-americana, faz muito tempo, é proporcionar assistência humanitária ao povo cubano, especificamente a famílias de presos políticos. Também permitimos que as organizações privadas o façam".
YS - Bem...
SL - Inclusive a Anistia Internacional, que lembra a existência de 58 presos políticos em Cuba, reconhece que eles estão detidos "por ter recebido fundos ou materiais do governo norte-americano para realizar atividades que as autoridades consideram subversivas e prejudiciais para Cuba".
YS - Não sei se...
SL - Por outro lado, os próprios dissidentes admitem receber dinheiro dos Estados Unidos. Laura Pollán, das Damas de Branco, declarou: "Aceitamos a ajuda, o apoio, da ultradireita à esquerda, sem condições". O opositor Vladimiro Roca também confessou que a dissidência cubana é subvencionada por Washington, alegando que a ajuda financeira recebida era "total e completamente lícita". Para o dissidente René Gómez, o apoio econômico por parte dos Estados Unidos "não é algo a esconder ou de que precisemos nos envergonhar". Inclusive a imprensa ocidental reconhece. A agência France Presse informa que "os dissidentes, por sua parte, reivindicaram e assumiram essas ajudas econômicas". A agência espanhola EFE menciona os "opositores financiados pelos Estados Unidos". Quanto à agência de notícias britânica Reuters, "o governo norte-americano fornece abertamente um apoio financeiro federal às atividades dos dissidentes, o que Cuba considera um ato ilegal". E eu poderia multiplicar os exemplos.
YS - Tudo isso é culpa do governo cubano, que impede a prosperidade econômica de seus cidadãos, que impõe um racionamento à população. É preciso fazer fila para conseguir produtos. É necessário julgar antes o governo cubano, que levou milhares de pessoas a aceitar a ajuda estrangeira.
SL - O problema é que os dissidentes cometem um delito que a lei cubana e todos os códigos penais do mundo sancionam severamente. Ser financiado por uma potência estrangeira é um grave delito na França e no restante do mundo.
YS - Podemos admitir que o financiamento de uma oposição é uma prova de ingerência, mas...
SL - Mas, neste caso, as pessoas que a senhora qualifica de presos políticos não são presos políticos, pois cometeram um delito ao aceitar dinheiro dos Estados Unidos, e a justiça cubana as condenou com base nisso.
YS - Creio que este governo se intrometeu muitas vezes nos assuntos internos de outros países, financiando movimentos rebeldes e a guerrilha. Interveio em Angola e...
SL - Sim, mas se tratava de ajudar os movimentos independentistas contra o colonialismo português e o regime segregacionista da África do Sul. Quando a África do Sul invadiu a Namíbia, Cuba interveio para defender a independência deste país. Nelson Mandela agradeceu publicamente a Cuba e esta foi a razão pela qual fez sua primeira viagem a Havana, e não a Washington ou Paris.
YS - Mas muitos cubanos morreram por isso, longe de sua terra.
SL - Sim, mas foi por uma causa nobre, seja em Angola, no Congo ou na Namíbia. A batalha de Cuito Cuanavale, em 1988, permitiu que se pusesse fim ao apartheid na África do Sul. É o que diz Mandela! Não se sente orgulhosa disso?
YS - Concordo, mas, no fim das contas, incomoda-me mais a ingerência de meu país no exterior. O que faz falta é despenalizar a prosperidade.
SL - Inclusive o fato de se receber dinheiro de uma potência estrangeira?
YS - As pessoas têm de ser economicamente autônomas.
SL - Se entendo bem, a senhora preconiza a privatização de certos setores da economia.
YS - Não gosto do termo "privatizar", pois tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.
Conquistas sociais em Cuba
SL - É uma questão semântica, então. Quais são, para a senhora, as conquistas sociais deste país?
YS - Cada conquista teve um custo enorme. Todas as coisas que podem parecer positivas tiveram um custo em termos de liberdade. Meu filho recebe uma educação muito doutrinária e contam-lhe uma história de Cuba que em nada corresponde à realidade. Preferiria uma educação menos ideológica para meu filho. Por outro lado, ninguém quer ser professor neste país, pois os salários são muito baixos.
SL - Concordo, mas isso não impede que Cuba seja o país com o maior número de professores por habitante do mundo, com salas de 20 alunos no máximo, o que não ocorre na França, por exemplo.
YS - Sim, mas houve um custo, e por isso a educação e a saúde não são verdadeiras conquistas para mim.
SL - Não podemos negar algo reconhecido por todas as instituições internacionais. Em relação à educação, o índice de analfabetismo é de 11,7% na América Latina e 0,2% em Cuba. O índice de escolaridade no ensino primário é de 92% na América Latina e 100% em Cuba, e no ensino secundário é de 52% e 99,7%, respectivamente. São cifras do Departamento de Educação da Unesco.
YS - Certo, mas, em 1959, embora Cuba vivesse em condições difíceis, a situação não era tão ruim. Havia uma vida intelectual florescente, um pensamento político vivo. Na verdade, a maioria das supostas conquistas atuais, apresentadas como resultados do sistema, eram inerentes a nossa idiossincrasia. Essas conquistas existiam antes.
SL - Não é verdade. Vou citar uma fonte acima de qualquer suspeita: um informe do Banco Mundial. É uma citação bastante longa, mas vale a pena. "Cuba é internacionalmente reconhecida por seus êxitos no campo da educação e da saúde, com um serviço social que supera o da maior parte dos países em desenvolvimento e, em certos setores, comparável ao dos países desenvolvidos. Desde a Revolução cubana de 1959 e do estabelecimento de um governo comunista com partido único, o país criou um sistema de serviços sociais que garante o acesso universal à educação e à saúde, proporcionado pelo Estado. Este modelo permitiu que Cuba alcançasse uma alfabetização universal, a erradicação de certas enfermidades, o acesso geral à água potável e a salubridade pública de base, uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas da região e uma das maiores expectativas de vida. Uma revisão dos indicadores sociais de Cuba revela uma melhora quase contínua desde 1960 até 1980. Vários índices importantes, como a expectativa de vida e a taxa de mortalidade infantil, continuaram melhorando durante a crise econômica do país nos anos 90... Atualmente, o serviço social de Cuba é um dos melhores do mundo em desenvolvimento, como documentam numerosas fontes internacionais, entre elas a Organização Mundial de Saúde, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e outras agências da ONU, e o Banco Mundial. Segundo os índices de desenvolvimento do mundo em 2002, Cuba supera amplamente a América Latina e o Caribe e outros países com renda média nos mais importantes indicadores de educação, saúde e salubridade pública." Além disso, os números comprovam. Em 1959, a taxa de mortalidade infantil era de 60 por mil. Em 2009, era de 4,9. Trata-se da taxa mais baixa do continente americano do Terceiro Mundo; inclusive mais baixa que a dos Estados Unidos.
YS - Bom, mas...
SL - A expectativa de vida era de 58 anos antes da Revolução. Agora é de quase 80 anos, similar à de muitos países desenvolvidos. Cuba tem hoje 67 mil médicos frente aos 6 mil de 1959. Segundo o diário inglês The Guardian, Cuba tem duas vezes mais médicos que a Inglaterra para uma população quatro vezes menor.
YS - Certo, mas, em termos de liberdade de expressão, houve um recuo em relação ao governo de Batista. O regime era uma ditadura, mas havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de todas as tendências políticas.
SL - Não é verdade. A censura da imprensa também existia. Entre dezembro de 1956 e janeiro de 1959, durante a guerra contra o regime de Batista, a censura foi imposta em 630 de 759 dias. E aos opositores reservava-se um triste destino.
YS - É verdade que havia censura, intimidações e mortos ao final.
SL - Então a senhora não pode dizer que a situação era melhor com Batista, já que os opositores eram assassinados. Já não é o caso hoje. A senhora acha que a data de 1º de janeiro [vitória da Revolução, em 1959] é uma tragédia para a história de Cuba?
YS - Não, de modo algum. Foi um processo que motivou muita esperança, mas traiu a maioria dos cubanos. Foi um momento luminoso para boa parte da população, mas puseram fim a uma ditadura e instauraram outra. Mas não sou tão negativa como alguns.

Luis Posada Carriles, a lei de Ajuste Cubano e a emigração
SL - O que acha de Luis Posada Carriles, ex-agente da CIA responsável por numerosos crimes em Cuba e a quem os Estados Unidos recusam-se a julgar?
YS - É um tema político que não interessa às pessoas. É uma cortina de fumaça.
SL - Interessa, pelo menos, aos parentes das vítimas. Qual é seu ponto de vista a respeito?
YS - Não gosto de ações violentas.
SL - Condena seus atos terroristas?
YS - Condeno todo ato de terrorismo, inclusive os cometidos atualmente no Iraque por uma suposta resistência iraquiana que mata os iraquianos.
SL - Quem mata os iraquianos? Os ataques da resistência ou os bombardeios dos Estados Unidos?
YS - Não sei.
SL - Uma palavra sobre a lei de Ajuste Cubano, que determina que todo cubano que emigra legal ou ilegalmente para os Estados Unidos obtém automaticamente o status de residente permanente.
YS - É uma vantagem que os demais países não têm. Mas o fato de os cubanos emigrarem para os Estados Unidos deve-se à situação difícil aqui.
SL - Além disso, os Estados Unidos são o país mais rico do mundo. Muitos europeus também emigram para lá. A senhora reconhece que a lei de Ajuste Cubano é uma formidável ferramenta de incitação à emigração legal e ilegal?
YS - É, efetivamente, um fator de incitação.
SL - A senhora não vê isso como uma ferramenta para desestabilizar a sociedade e o governo?
YS - Neste caso, também podemos dizer que a concessão da cidadania espanhola aos descendentes de espanhóis nascidos em Cuba é um fator de desestabilização.
SL - Não tem nada a ver, pois existem razões históricas e, além disso, a Espanha aplica esta lei a todos os países da América Latina e não só a Cuba, enquanto a lei de Ajuste Cubano é única no mundo.
YS - Mas existem fortes relações. Joga-se beisebol em Cuba como nos Estados Unidos.
SL - Na República Dominicana também, mas não existe uma lei de ajuste dominicano.
YS - Existe, no entanto, uma tradição de aproximação.
SL - Então por que esta lei não foi aprovada antes da Revolução?
YS - Por que os cubanos não queriam deixar seu país. Na época, Cuba era um país de imigração, não de emigração.
SL - É absolutamente falso, já que, nos anos 50, Cuba ocupava o segundo lugar entre os países americanos em termos de emigração rumo aos Estados Unidos, imediatamente atrás do México. Cuba mandava mais emigrantes para os Estados Unidos que toda a América Central e toda a América do Sul juntas, enquanto atualmente Cuba só ocupa o décimo lugar, apesar da lei de Ajuste Cubano e das sanções econômicas.
YS - Talvez, mas não havia essa obsessão de abandonar o país.
SL - As cifras demonstram o contrário. Atualmente, repito, Cuba só ocupa o décimo lugar no continente americano em termos de fluxo migratório para os Estados Unidos. Então a obsessão da qual você me fala é mais forte em nove países do continente, pelo menos.
YS - Sim, mas naquela época os cubanos iam e regressavam.