Fim do engodo da neutralidade
"Aquilo que até agora permanecia oculto, debaixo da falsa aparência de neutralidade, foi agora escancarado: o prefeito Angerami entrou de cabeça na campanha do candidato Caio. Em entrevista coletiva realizada em 18/09/2008 e noticiada um dia depois, ao tentar desqualificar a proximidade que efetivamente o candidato Rodrigo tem com o Governo Lula, não deixou qualquer dúvida quanto a quem pretendia beneficiar. Não foi, evidentemente, uma análise neutra e desapaixonada. Foi, ao contrário, uma peça de propaganda eleitoral em favor do candidato do PSDB e só não a entende quem não acompanha os movimentos do jogo eleitoral.
Não há nesse posicionamento do prefeito qualquer surpresa, aliás. O primeiro movimento da aliança entre Tuga e Caio se deu com a composição da chapa majoritária. Foi escolhido para vice, José Clemente Rezende, homem forte do Governo Tuga, ocupante por todo mandato de um dos mais importantes cargos da administração municipal e aquele que sempre esteve posicionado para ser o sucessor do atual prefeito.
É bastante provável que Clemente não tenha sido candidato do prefeito à sucessão em razão do desgaste eleitoral sofrido pelo prefeito, facilmente verificável nas pesquisas que avaliam sua gestão. Seria quase certo, neste cenário, a eleição reservar-lhe o fracasso. Restou, então, introduzi-lo como vice na chapa de Caio, o que, segundo especulações nos bastidores, teria passado por acertos entre o Palácio das Cerejeiras e o Palácio dos Bandeirantes. Ocorre que, as mesmas razões que não possibilitaram que Clemente se colocasse como candidato à sua sucessão, fizeram com que Tuga mantivesse oculto o apoio a Caio. Perderia os anéis, mas preservaria os dedos, tendo Clemente ocupando o cargo de vice-prefeito.Tudo ia bem nesta estratégia, até que Rodrigo, pelas propostas e posicionamento político inovador, começa a ameaçá-la, dada sua ascensão nas pesquisas eleitorais. Foi a senha para que Tuga não se contivesse e se apressasse em manifestar claramente seu lado, mesmo que ainda tentando um disfarce de análise institucional. Ao mesmo tempo, o prefeito quer deixar para depois, para a próxima gestão, a discussão do projeto para o tratamento de esgoto. Justamente o projeto que foi cuidado até aqui por quem lhe sucederia e, ao não encarar esta empreitada, foi aninhar-se como vice na chapa de Caio. E Caio correu para endossar o que quer o prefeito, conforme notícia do dia 20 último. Francamente, é possível imaginar que alguém possa considerar tudo isto uma grande coincidência?
Quanto ao conteúdo do que disse o prefeito, creio que só é possível considerá-lo no contexto de sua própria capacidade de alavancar recursos para cidade. Tudo aquilo que não tenha conseguido não lhe dá qualquer prerrogativa de prever as possibilidades do próximo prefeito. Não me consta que possua ele uma bola de cristal com a capacidade de prever a performance de seu sucessor. Não adianta tentarem atenuar esta realidade: Rodrigo e a Coligação Bauru de Todos têm mesmo acesso ao Governo Lula. E têm mais que isso: têm capacidade e apoio político para fazer uma gestão inovadora, de forma a rever paradigmas e remodelar Bauru do ponto de vista político e administrativo. Terá, certamente, competência para recolocar Bauru no mapa das cidades mais importantes do País. O que parece ficar de verdade do episódio é que Tuga não é nem um pouco neutro na sucessão municipal e tem lado, sim. Tuga é Caio."
Fernando Monti
Nenhum comentário:
Postar um comentário