24.11.09

Fala Pedroso:

OLGA BENÁRIO e CESARI BATTISTI : MARCADOS PARA MORRER!

Durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, por pressão de Filinto Muller, o estado brasileiro entregou para a então Alemanha Nazista, a judia Olga Benário, grávida do brasileiro Luis Carlos Prestes. Sabiam os detentores do poder no Brasil que estavam enviando a jovem Olga para a morte, entretanto, a sede de vingança de Filinto Muller, desafeto de Prestes era maior que a racionalidade. Hoje, Olga é um mito, sua vida foi biografada e virou filme que sensibiliza até os mais puros e autênticos direitistas de plantão. Sete décadas depois, a história se repete, com a tentativa de extradição de Cesari Battisti, por parte do governo italiano. Berlusconi envolvido em escândalos sem fim, busca a remissão, tentando levar de volta o italiano que se encontra refugiado em nosso país. Se não bastasse às hediondas perseguições orquestradas por seu governo contra os imigrantes pobres, oriundos da Ásia, África e América Latina. Justamente um pais que “exportou” um sem numero de pessoas para esses continentes. Ora, devidamente comprovado está que os julgamentos a que foi submetido Battisti na Itália, foram maquiados buscando sua condenação. Chega-se ao desplante, de ter sido condenado por duas ações revolucionárias, no mesmo dia, hora e em cidades distantes entre si. Mesmo assim, algumas vozes se levantam, clamando por sua extradição.
Resolvem apoiar, até de forma entusiástica, a atitude anti-cristã desta pretensa deportação. Interessante é que os mesmos que defendem o mafioso Berlusconi criticam, sem conhecimento, a Lei de Anistia no Brasil.
Tanto Getúlio Vargas, em seu estado novo, como os militares durante a ditadura de 64, perseguiram, prenderam, torturaram, mataram, demitiram aqueles que ousavam discordar de seus governos. Eram processados pela pratica de “crimes de opinião”, considerado hediondo pelos detentores ilegítimos do poder. Aqueles que foram demitidos sumariamente de seus empregos, com fundamentação na legislação de exceção, a partir de 2001, por lei elaborada pelo tucano FHC, possuem o direito de pleitear sua reintegração funcional. Claro que FHC com os anistiados agiu da mesma forma que Getúlio com a CLT. Elaborou, aprovou e não aplicou.
Não existem indenizações milionárias, sendo que aquele que não possuía vínculo empregatício e foi perseguido por motivação política, percebe uma indenização de no máximo cem mil reais. Quando o cidadão é reintegrado, faz jus aos salários atrasados, calculados a partir da entrada de seu processo de anistia. E os atrasados, muitas vezes são confundidos com indenização.
Os comunistas brasileiros, somente pegaram em armas para tentar depor o governo inconstitucional, quando as tentativas por vias pacificas foram esgotadas. Fizeram uma opção de combate. Se equivocada ou não, cabe a história julgar.
Gostaria também que outras iniciativas dos comunistas fossem analisadas. Até 1946, a Igreja Católica era considerada como a religião oficial de nosso país e os adeptos de outras religiões, desde as de origem africana até as protestantes eram reprimidos e costumeiramente presos.
Na Constituição de 1946, os deputados comunistas Carlos Marighela e Jorge Amado apresentaram e conseguiram aprovar emenda, garantindo a liberdade de culto religioso em nossa pátria.
Os comunistas respeitavam e respeitam a opinião alheia.
Como seria bom se o inverso ocorresse.
E aqueles que tiveram suas opiniões respeitadas pelos comunistas, dissessem não a anunciada morte de Cesari Battisti.
Antonio Pedroso Júnior
Diretor Executivo do Fórum Permanente dos Ex- Perseguidos Políticos de SP e Presidente do Centro de Estudos Nossa Memória, Ninguém Apaga.

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