16.6.11

RESCALDO DA DITADURA: A ANISTIA DE NANDO

Triste é o futuro do povo que não tem memória e não preserva o seu passado, não reunindo o conhecimento necessário para construir o seu futuro. Desta forma, entendemos que devemos esmiuçar o passado de nossa Pátria, resgatar aquilo que aconteceu, notadamente nos períodos ditatoriais do século passado para que tenhamos condições de entregarmos aos nossos descendentes um país livre, democrático e soberano, onde qual tenha sua opinião respeitada.

Terça-feira próxima, dia 21, o Ceará Esporte Clube irá homenagear o seu ex-atleta Fernando Antunes Coimbra, o Nando, obrigado a interromper precocemente sua carreira futebolística por “pensar diferente” dos detentores do poder, durante o regime militar. A CBF, monitorada pelos militares usurpadores do poder central, expediu telex aos clubes federados determinando a não contratação do atleta, pelo fato deste ser subversivo.

Parece anedota.

Mas não é.

Triste realidade de um país então dominado pelo arbítrio, prepotência e violência, onde até futebolistas eram proibidos de exercer sua profissão em nome da Segurança Nacional. A família Coimbra teve grandes jogadores de futebol: Antunes, Edu e principalmente Zico, deram muitas alegrias aos torcedores. O mais famoso deles, Zico, em sua biografia escrita pelo jornalista Michel Assef, afirma textualmente: “ o grande craque da família era o Nando, entretanto, foi proibido de jogar futebol durante o governo militar”.

Até então, acreditava que o único jogador de futebol punido pelo regime ditatorial tinha sido o nosso eterno Toninho Guerreiro, cortado da seleção brasileira, tri-campeã mundial  no México-70, por capricho do general de plantão, Garrastazu Médice que queria em seu lugar o Dario Maravilha. O então técnico João Saldanha não aceitou a interferência, chegando a dizer que: “não nomeava ministros e, portanto não aceitaria convocações realizadas pelo general”.

Claro, Saldanha foi demitido e em seu lugar entrou o Zagallo, que em compadrio com o médico Lídio Toledo, cortou Toninho, alegando que este tinha uma sinusite que poderia ser agravada na altitude mexicana.

Nando terá sua história resgatada nesta terça-feira.

A democracia existe em nosso país, entretanto, para ela existir, muitos foram sacrificados. Presos, torturados, mortos e os que sobreviveram, proibidos de exercerem suas profissões.

Lutemos pela democracia, pela liberdade com o intuito principal de termos uma pátria com história digna de ser contada no futuro.

Antonio Pedroso Júnior
Centro  de Preservação Nossa Memória, Ninguém Apaga.
chineloneles@hotmail.com

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