25.3.14

Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de entrega de 944 unidades habitacionais dos residenciais Água da Grama e Três Américas II, em Bauru

via Palácio do Planalto
Presidenta Dilma Rousseff realiza entrega simbólica de chaves para a senhora Lucineia Maria da Silva, durante Cerimônia de entrega de 944 unidades habitacionais dos Residenciais Água da Grama e Três Américas II, do Programa Minha Casa Minha Vida. (Bauru - SP, 25/03/2014)Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Boa tarde a todos, a todas aqui presentes.
Eu queria começar saudando a Maria Fátima, o Urano, a Lucinéia, o Gilberto e a Adriana. Foram eles que receberam aqui as chaves, simbolizando cada um de vocês aqui presentes que vão morar agora em um desses apartamentos. Então, queria saudar cada um dos moradores dos residenciais Água da Grama e Três Américas II.
Cumprimentar e agradecer a recepção calorosa do prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho.
Cumprimentar o nosso ministro das Cidades, o Gilberto Occhi.
            Cumprimentar e agradecer também pela recepção companheira, amiga, à Estela Almagro, a nossa vice-prefeita de Bauru.
            Dirigir um cumprimento muito especial ao ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.
            Cumprimentar o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda.
            Cumprimentar o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, vereador Sandro Bússola.
            Cumprimentar o presidente da Construtora Casa Alta, o Juarez Viecchi.
            Cumprimentar o presidente da Construtora Iso, o Júlio César de Oliveira,
            Cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.


Eu estou muito feliz de estar aqui em Bauru. O prefeito me disse que eu sou, entre os presidentes, nos últimos tempos, uma das presidentes, ou presidentes, que esteve aqui em Bauru. O último, se eu não me engano, foi ainda o João Figueiredo, na década de 80, mas então estou feliz de ser a primeira presidenta do período democrático a estar aqui em Bauru.
Todos nós aqui sabemos que cada um de nós escolhe – a vida faz a gente escolher – alguma das datas em que a gente nunca vai esquecer dessa data. Exemplo: quando a gente casa. Muitas vezes, quando é um casamento feliz, a gente nunca vai esquecer a data do casamento. As mães e as mulheres sabem que quando nasce um filho é também uma data que a gente não esquece. A gente também, muitas vezes, não esquece o dia que o time da gente ganhou um jogo que parecia perdido. A gente não esquece também algumas das datas que realizam o sonho dos nossos filhos ou dos nossos netos.
Certamente, é muito importante – eu, pelo menos, lembro da minha – a data em que eu tive a minha casa. Acredito que essa data de hoje muita gente vai lembrar como sendo uma data importante na vida de cada um. Quando a pessoa chegou e teve acesso a sua casa própria, aquela sensação, “olha, eu tenho agora a minha casa própria, é minha”. Por isso, eu tenho certeza que as pessoas que estão aqui hoje vão olhar para essas casas e enxergar muito mais que paredes, janelas, vão enxergar muito mais do que a copa, a cozinha, os quartos. Vão enxergar dignidade, esperança, felicidade. Vão enxergar um lugar literalmente para viver, e viver é criar os filhos, é criar a família, é receber os amigos, é trabalhar, é estudar. Então eu estou muito feliz de estar aqui, garantindo para todas as pessoas desses dois residenciais a chave da casa própria.
E quero dizer uma coisa. Eu, sempre que chego num lugar, eu visito os apartamentos ou as casas. Eu visitei agora o apartamento, e eu olho, sabe, se a janela é boa, se a porta está certa, se o piso é bom, se a cozinha... porque tem isso, a gente sabe, mulher sabe disso, se a cozinha tem azulejos, que vai facilitar a limpeza, se o banheiro tem azulejo também. E aí hoje eu olhei a escada, e aí quero dizer que eu tenho a honra de falar aqui com o nosso empresário – o senhor queira levantar, por favor? Eu conversei com ele, com o presidente da Caixa, e a gente escutou. Eu também, vamos dizer assim, fiz uma pequena reclamação. E nós, e o nosso empresário – o senhor fala o seu nome alto? – o senhor é o Juarez Viecchi, da Construtora Casa Alta. Ele se comprometeu a botar piso antiderrapante nas escadas, que vocês tinham reivindicado, com razão, diga-se de passagem.
Mas eu estou falando que a sensibilidade, você veja o que é uma pessoa com sensibilidade: seu Juarez, sensibilizado com esse pleito, se dispõe a colocar o piso nas escadas. E a Caixa Econômica se dispõe, daqui para frente, a prever um piso antiderrapante nas escadas. Parabéns ao empresário Julio Viecchi, parabéns à Caixa, e também ao prefeito e a vice-prefeita, que falaram sobre esse pleito para nós.
Eu quero dizer para vocês que é sempre emocionante participar de uma entrega das chaves, porque eu sei que a pessoa consegue a chave e entra numa esperança porque entra numa nova vida, entra num caminho de esperança. É certo que vida vai mudar para melhor, você vai abandonar uma moradia muitas vezes precária. Algumas pessoas moram de favor, na casa de parentes. Outras pessoas pagam aluguel, o que pesa no orçamento doméstico. Então quando eu vejo que essa é uma ação que definitivamente muda a vida das pessoas, e cada uma das famílias que aqui receberam a chave, elas fazem com muita emoção. Essa emoção é uma emoção que a todos nós honra e orgulha, porque mostra que a gente está no caminho correto.
E que caminho é esse? Vou contar uma história para vocês. No Brasil, nós não tínhamos uma política habitacional que pudesse garantir casa para quem mais precisasse, casa para as pessoas que ganhassem até 1.600 reais. Por que é que não tinha uma política habitacional? Porque, muitas vezes, o que se pensava é que o Estado brasileiro, o governo federal, não precisava fazer nada porque o mercado imobiliário ia resolver esse problema. Ora, o mercado imobiliário não resolve esse problema de jeito nenhum, porque não fecha a equação entre o valor de um apartamento... como é que uma pessoa que ganha 2,5 salários mínimos pode comprar um apartamento com a renda que recebe? Não pode.
Então, como é que nós resolvemos o problema? Resolvemos porque colocamos os interesses das pessoas deste país em primeiro lugar, de todas as pessoas, em especial daquelas que mais precisam. E o que é colocar em primeiro lugar? O governo federal tem um orçamento, e ele – governo federal – considera que esse orçamento, os recursos desse orçamento, que são oriundos, que vêm do dinheiro que cada brasileiro e que cada brasileira paga de imposto, colocar esse dinheiro para completar a renda das pessoas e pagar o apartamento ou a casa própria. Com isso nós estamos falando o seguinte: no mínimo 95% do valor dessa casa o governo federal bota de recursos. A diferença é paga, dependendo do nível de renda, por cada um de vocês, por um valor que não pode ultrapassar 3% a 5% da renda que ganham.
Isso significa duas coisas. Primeiro, que vocês entrem nesses apartamentos de cabeça erguida. O apartamento é de vocês porque o dinheiro veio de vocês, primeira coisa. Segunda, vocês não devem nada a ninguém, não devem ao governo federal, não devem a ninguém. Vocês são cidadãos brasileiros e, por isso, o governo federal é obrigado se tiver compromisso com seu povo, a olhar para a questão da habitação.
Por isso é que eu digo, entrem de cabeça erguida. A casa é pelo esforço de vocês e pelo fato de que nós, com casas próprias para as famílias brasileiras abrigadas, para crianças abrigadas dentro dessas casas, que são, antes de tudo, lares, essas crianças e essas famílias, elas têm mais condição de crescer, de fazer seus filhos estudarem, de ter uma formação profissional, de correr atrás de uma formação profissional. Um filho aqui vai entrar numa universidade, outra filha ali vai fazer um curso técnico, e o que nós queremos é um futuro bom para cada uma dessas famílias.
Por isso, eu quero dizer que hoje é um dia especial, sim, e é um dia também especial para o governo. O governo contribui com o quê? O governo contribui ao dar oportunidades para as pessoas. Um governo, o que é que ele faz? Ele tem de ajudar. Como que ele ajuda? Dando oportunidade. A casa é uma oportunidade, agora, quem faz a casa, quem faz a felicidade da casa, quem faz o esforço da casa, quem corre atrás, quem rala bastante é o povo deste país. Por isso eu estou aqui muito feliz porque eu sei que eu estou aqui junto com pessoas lutadoras, batalhadoras e trabalhadoras, e sei que essa casa é o começo de um caminho melhor. Coração para vocês também.
Eu queria dizer aqui... A gente pode dizer que Bauru – e o prefeito veio falando isso para mim – Bauru tem uma característica muito especial, é uma cidade que a gente devia chamar cidade da educação. Aqui, né prefeito, tem 14 a 15... 15 ou 14? Quinze, 15, gente, 15 universidades. Não é pouco isso. Vai abrir a 16ª, prefeito? Federal aqui.
Então, prefeito, eu estou animadíssima aqui, animadíssima, e queria falar para vocês, principalmente que eu estou vendo muita mãe aqui, muita mãe. Falar para as mães, para os pais também, porque pai dá uma força louca. É o seguinte, que eu quero falar: no Brasil, a gente tem um jeito cada vez maior de melhorar. Esse jeito tem várias coisas importantes, mas eu vou falar de uma que é muito importante, que é a educação. E aqui é a cidade da educação. Então, aqui vocês têm imensas oportunidades.
Quero falar aqui para o pessoal que recebeu a chave, que procure um outro programa do governo, que se chama Pronatec, que é o Programa Nacional de Educação Técnica Profissionalizante. São cursos de até 4 meses. O Brasil precisa muito de pessoas que se capacitem melhor para trabalhar, porque também para as pessoas é importante, vai ganhar um salário maior. Para o Brasil é importante, nós vamos ter um país mais produtivo ainda. Então, aqui nós temos 18 mil e 500 matrículas do Pronatec. Essa cidade aqui na região tem um ótimo desempenho. Eu não vou dizer que ela é a melhor da região, senão vão ficar com ciúme, e aí eu também não quero ciúme comigo. Então, eu vou dizer que ela está entre as melhores, as melhores.
Aqui tem 6.500 bolsas do Prouni concedidas. Aqui tem 7.900 contratos de financiamento da educação, aqueles contratos que a pessoa depois de formada paga, se o curso for de 4 anos, paga 4x3+1, paga em 13 anos. Se o curso for de 5, paga em 16 anos. Portanto, paga com o dinheiro que conseguir do trabalho que obtiver. Aqui, para vocês terem uma ideia, nós temos um pleito feito pela cidade para um curso de medicina, não é isso, prefeito? Então, eu estou aqui dizendo para vocês que é do absoluto interesse do governo federal – e o ministro Padilha sabe disso, porque até há pouco estava no Ministério da Saúde –, é do absoluto interesse do governo federal ter aqui uma Escola de Medicina. Essa cidade, que é a cidade da educação, ela também tem direito de, entre os seus 15, agora 16 faculdades, ou universidades, ter uma escola de Medicina.
Quero então dizer para vocês que eu estou me comprometendo com vocês, não é com o prefeito, não, com o prefeito é fácil se comprometer, difícil é se comprometer com cada um de vocês. Estou me comprometendo, por quê? Porque interessa que tenha Faculdade de Medicina, porque a gente quer formar médico, quer formar médico no interior deste país. Por isso que nós estamos numa luta para conseguir formar, no Brasil, 11 mil médicos, e criar residência... aliás, formar 12 mil e criar residência para 11 mil médicos. Enquanto isso, por que a gente quer fazer isso? Porque nós temos um país onde faltam médicos, faltam médicos aqui. E aí, as pessoas podem esperar? Não podem esperar, eu levo mais ou menos... o Brasil leva mais ou menos 6 anos para formar um médico e outros tantos para especializar esse médico. Até lá as pessoa que estão doentes precisam de um médico. Por isso nós fizemos o Programa Mais Médicos. Aqui, a prefeitura pediu 12 médicos. Eu tenho certeza que esses 12 médicos vão servir para melhorar a vida e o serviço de saúde das pessoas que mais precisam, porque é onde falta médico, é onde as pessoas mais precisam. Já chegaram 5 médicos, até o fim do mês vão ter 7 médicos, mais 7 médicos, totalizando, portanto, 12 médicos.
E, finalizando, eu quero dizer que eu estou muito orgulhosa de ter vindo aqui em Bauru, muito orgulhosa, e não vou esquecer, não vou esquecer. E tem algumas coisas que a gente guarda. Eu guardo aqui o sorriso de cada um dos que receberam a chave. O sorriso da Maria de Fátima, do Urano, da Lucinéia, do Gilberto e da Adriana, e guardo os olhos de cada um de vocês que olham para mim e eu me sinto cheia de energia por esse Brasil.
Um abraço para todos e um coração para vocês.

3 comentários:

Unknown disse...

eu vi ao vivo, amei!!!

Anônimo disse...

Me emocionei de verdade. Ela traduziu em palavras tudo o que acredito. Sou graduada graças ao Prouni e tenho muito orgulho disso. Luciana Covolan

GERALDO INHESTA disse...

qUEM ESTUDOU O SISTEMA CAPITALISTA SABE BEM QUE COM UM RENDIMENTO DE 1.600,00 JAMAIS TERIA CONDIÇÕES DE ADQUIRIR UM IMÓVEL NESTE PAÍS - SÓ QUEM TEM COMPROMISSO REAL COM O POVO PODE FAZER ISSO. ETC