2.6.07

Choram os golpistas

Recebi, concordo e repasso

"Crise da RCTV mobiliza Venezuela", diz o título principal da página 42 do Globo de domingo passado.
Em reportagem de página inteira assinada por Cristina Azevedo, o jornal chora a não renovação da concessão da RCTV pelo governo venezuelano, que terminou na meia-noite do sábado.
Até aqui, nenhum problema. Ninguém é obrigado a concordar com a medida do governo Chávez. Acontece que O Globo não é sincero com seus leitores: em vez de esclarecer que a emissora participou ativamente do golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 2002, o jornal prefere dizer que "a emissora é acusada de ter participado do golpe". Na mesma página, há um quadro que beira o ridículo. Sob o título "O destino interrompido de 'Mi prima Ciela'" e a foto de cinco personagens da novela, O Globo passa a narrar uma cena do programa e avisa que centenas de fãs telefonaram para saber o que aconteceria com a personagem principal caso a novela chegasse ao fim: "Ela morre no final?", pergunta um dos telespectadores. Isso é grave. Muito grave. Saber se prima Ciela morre no final da novela é realmente fundamental para os destinos da República. De qualquer República. Pena que Hugo Chávez não pense assim!
Seu governo acredita que a empresa descumpriu as leis do país e que não mereceu ter a concessão renovada. Ou ninguém sabe que televisões e rádios são concessões púlicas, que podem ou não serem renovadas?Em seu lugar passará a funcionar um canal popular produzido pelo povo venezuelano. Há quem diga se tratar de um passo firme rumo à democratização dos meios de comunicação, algo que, inclusive, está previso em nossa Constituição.
Certamente essa não é a opinião do jornal que no dia 1º de abril de 1964 foi às bancas com a manchete: "Fugiu Goulart e democracia está sendo restabelecida".

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