Se todo mundo agora descobriu, finalmente, que eleição se ganha na rua e não só pela TV, com “bandeirantes” pagos só para balançar bandeiras, vamos fazer a coisa certa, como era feita nos bons tempos e a militância não tinha outra coisa para fazer senão ir para a rua.
Ivo Pugnaloni(*) na Carta Maior
Hoje à noite, o programa de TV da Dilma inovou, fazendo um chamado, ainda que muito tímido, para que o espectador participe da campanha Dilma Presidente.
Ainda bem. Já era tempo de deixarmos de nos postar frente a essa enorme audiência como se fossem apenas “consumidores finais” de um produto, um sabão, ou um automóvel...
É preciso nunca esquecer que estamos em uma campanha política e não numa campanha publicitária comum. E eleição é participação cidadã e não convencimento ideológico por repetição de conceitos por uma fonte desqualificada.
Precisamos levar em conta que boa parte dos que assistem o programa já foram eleitores de Lula em 2002 e 2006. Pesquisas recentes sobre a popularidade dos partidos mostraram que existe um eleitorado fiel que torcem pelo sucesso do Lula, independente de quem seja o adversário.
É natural que essas pessoas se considerem hoje bem mais do que simples eleitores do Lula e do PT.
Elas podem ser chamados simpatizantes, eleitores fiéis, mas que ainda não sabem como podem funcionar como agentes multiplicadores das idéias-força da campanha. Afinal, os efeitos da ditadura militar sobre o sentimento de dadania ainda não foram bem avaliados. É exatamente isso que o programa deve mostrar: o caminho da mobilização e da opção do espectador em assumir uma atitude cidadã, de participação na eleição.
É preciso que, no nosso programa de TV, essas dezenas de milhões de pessoas sejam lembradas e valorizadas. E consideradas como companheiros da mesma luta por um Brasil mais justo, mais humano e cada vez mais forte e independente. Esses milhões de pessoas devem receber um chamado para sair da passiva atitude de “torcer pela Dilma”, como se fossem apenas membros de uma enorme torcida que só assiste futebol pela “telinha”.
Usando de muito jeito, (para não correr o risco de sermos acusados de estar querendo provocar uma insurreição ou algo assim), devemos chamar todo esse pessoal para participar do processo eleitoral , distribuindo o programa da Dilma nos pontos de ônibus ou de casa em casa, no seu bairro.
Ou então apenas servido como referência qualificada, para seus parentes, vizinhos, colegas de trabalho, etc , fazendo uma lista e tratando de convencer um por um, por telefone, por e mail ou pessoalmente, nos poucos dias que temos. Sobre isso, leia mais no: Página 13
Todos os dias o Lula, em pessoa, deveria, em tom coloquial, bem à vontade, como só ele sabe falar com o povão, dirigir uma chamada especial a essa multidão que lhe dá esse enorme índice de aprovação.
E, com muito jeito, pedir ao povo que não só “vote em Dilma”, mas que faça mais, dando um tempo do seu dia para ajudar a eleger a Dilma. Precisamos uma chamada que dissesse algo assim:
“Só votar na Dilma não resolve. Afinal, se a gente quer um país melhor para nós e nossos filhos, temos que lutar por isso. Temos que fazer algo mais e melhor do que fizemos até aqui. É preciso participação do povo nas eleições, mas não só no dia 31 de outubro, indo votar na Dilma. Precisamos de todos que puderem participando no trabalho de esclarecimento dos indecisos, mostrando as conquistas que tivemos, nesse que é o primeiro governo que cuidou dos trabalhadores, dos pequenos empresários e até dos grandes grupos produtivos.”
O risco de produzirmos internet e comícios para nós mesmos
Outra coisa que chama a atenção: é um absurdo que em pleno século XXI nosso programa de TV ainda ignore, olimpicamente, nossa campanha pela internet! Passou da hora do programa mostrar o endereço eletrônico do site da campanha da Dilma...
O que será que existe aí? Ciumeira mal resolvida? Disputa por espaço?
Outra coisa é nossa militância de internet, que teima em mandar e mails para nós mesmos, quando o necessário é atingir gente ainda não convencida politicamente de votar na Dilma. Algo parecido precisa acontecer com o tempo precioso perdido nos comícios pedindo aos milhares de presentes que apenas, “votem em Dilma”...Ora!
Será que o pessoal que comanda essa área ainda não se tocou que, por proibição legal, não tem mais show de cantores sertanejos antes dos discursos? E que, assim ,ninguém foi ali para “ver os artistas”??? A grande maioria daquela gente só no comício por que já apóia a nossa candidata!
Poucos foram ali “só para ver o que estava acontecendo”. A grande maioria já é eleitora da Dilma! Para aquele pessoal é muito pouco, pedir só para “votar em Dilma”...
A quem vai nos nossos comícios é preciso oferecer formas concretas de participação tais como: “venha ajudar a distribuir o programa de Dilma nos pontos de ônibus, na porta das fábricas, das escolas e dos mercados. Junte-se a nós, comparecendo no comitê eleitoral aqui do bairro para marcar os horários em que Você pode ajudar”.
Ao mesmo tempo, para poder acolher e dar serviço a toda essa multidão que poderá se somar à campanha a partir do programa de TV, o partido deve preparar-se, promover treinamentos, com verdadeiros “cursos” de uma ou duas horas, sobre panfletagem, de discursos-relâmpago, convencimento em pontos de ônibus, praças, etc.
Enfim!
Se todo mundo agora descobriu, finalmente, que eleição se ganha na rua e não só pela TV, com “bandeirantes” pagos só para balançar bandeiras, vamos fazer a coisa certa, como era feita nos bons tempos e a militância não tinha outra coisa para fazer senão ir para a rua.
(*) Engenheiro, foi diretor do SENGE-PR e fundador do primeiro núcleo do PT de Curitiba em 1979, membro do diretório nacional e vice presidente estadual. É secretario da Associação de Blogueiros Progressistas do Paraná, um dos editores do blog www.porumparanamelhor.com/mariocandido .
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